Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Federais caçam Cesare Battisti para entregá-lo aos fascistas italianos

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Domingo, 16 de Dezembro de 2018 às 16:27, por: CdB

Battisti tornou-se procurado pela polícia brasileira e pela Polícia Internacional (Interpol, na sigla em inglês), desde quinta-feira, quando o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou sua prisão.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Santos, SP, e Roma
  Caçado por agentes federais, em todo o país, o escritor italiano Cesare Battisti teria sido visto em Cananeia, no litoral paulista, onde vivia, há duas semanas. Depois disso, não foi mais localizado e, segundo o delegado da Polícia Civil Tedi Wilson de Andrade, responsável pela área, este é o relato mais recente, segundo a polícia confirma.
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Grupo parlamentar de extrema direita, o Brasil/Itália pede para Temer extraditar Battisti
Battisti tornou-se procurado pela polícia brasileira e pela Polícia Internacional (Interpol, na sigla em inglês), desde quinta-feira, quando o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou sua prisão e revogou a liminar que impedia a sua extradição para a Itália.

Neofascistas

Em seu país de origem, o vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, reafirmou neste domingo que, se o governo brasileiro convidá-lo para buscar foragido, ele está preparado para viajar. — Estou falando nesta hora com o presidente brasileiro e por isso me dizem extremista e fascista. Eu e Bolsonaro temos mil defeitos, mas se, nas próximas horas, eu receber um convite para ir e pegar um avião para trazer de volta à Itália um terrorista que está morto na consciência e que não deveria ficar na praia no Brasil, mas na prisão na Itália, eu pegaria o voo — disse o representante do neofascismo italiano. A declaração foi dada por Salvini à jornalistas na escola de formação política do partido ultranacionalista Liga. — Se devo reeducar alguém que tem duas sentenças perpétuas, eu faço isso na cadeia — acrescentou.

Situação regular

O ex-militante do Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970. Tratava-se, no entanto, de um tribunal de exceção e o processo correu à revelia do réu. Nesta sexta-feira, o presidente Michel Temer assinou o decreto que determina o envio do estrangeiro de volta para Roma. Mesmo antes de decretada a extradição do preso político, ele já havia desaparecido do radar. — O que podemos afirmar com certeza é que há quinze dias, no começo do mês de dezembro, ele foi visto atravessando de balsa, que liga o bairro Porto Cubatão a Cananeia. Um policial o viu e por isso conseguimos confirmar. Na época, a situação dele estava regular, não tinha impedimentos — explica o delegado da Polícia Civil.

Muito boato

Nessa mesma época, segundo um amigo, Battisti disse que iria para o Rio de Janeiro. — Ele foi (para o Rio de Janeiro) ver o editor e um tradutor pois ele acabou de escrever um livro sobre Cananeia e ele foi ver questões de tradução, aqui em São Paulo estava difícil, e ele foi pra isso — relata. Diariamente, diversas denúncias sobre o paradeiro de Battisti chegam para a Polícia Civil que, imediatamente, faz diligências no local indicado. Na sexta-feira, moradores de Cananeia disseram para Polícia Civil que haviam visto Battisti na região na terça-feira. A informação, entretanto, não foi confirmada, segundo o delegado.

A decisão de Fux

Em 2007, a Justiça italiana pediu a extradição dele e, no fim de 2009, o STF julgou o pedido procedente; mas deixou a palavra final ao presidente da República. Na época, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a extradição. No ano passado, a Itália voltou à carga e pediu que o governo Michel Temer reabrisse o caso. A defesa do italiano, então, pediu ao STF que o governo brasileiro fosse impedido de enviá-lo de volta ao país de origem.

Transferência imediata

Na época, o ministro Luiz Fux aceitou, e concedeu uma liminar que impedia a extradição. Na quinta-feira, contudo, o magistrado voltou atrás da própria decisão reavaliou que o novo presidente teria poderes para extraditar ou não o réu. Ainda segundo Fux, a Interpol pediu a prisão de Battisti pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro – por conta da suposta tentativa de saída do país com dinheiro não declarado –, o que permitirá o "reexame da conveniência e oportunidade de sua permanência no país". Após a decisão de Fux, então, o presidente de facto, Michel Temer, assinou o decreto da extradição do ex-guerrilheiro. Com isso, se for encontrado, Battisti já poderá ser transferido imediatamente para a Itália.
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