Medidas incluem aumento de transparência em anúncios políticos, conselho independente para análise de conteúdo publicado na rede e dois novos centros de monitoramento de notícias falsas e discurso de ódio.
Por Redação, com DW e Reuters - de Nova York
O Facebook anunciou na segunda-feira novas ferramentas para minimizar interferências políticas na plataforma que possam influenciar o resultado de eleições, incluindo a próxima para o Parlamento Europeu, marcada para maio. – Iremos exigir que aqueles que queiram publicar anúncios políticos obtenham autorização, e exibiremos um aviso informando quem pagou por esses anúncios – disse Nick Clegg, recém-nomeado diretor de assuntos globais do Facebook. O aviso terá um link para uma base de dados públicos que mostrará quem pagou pelo anúncio, quanto foi pago e informações demográficas de quem visualizou a publicação, incluindo idade, gênero e local. As informações serão mantidas na base de dados por sete anos. A gigante americana tem estado sob constante pressão para conter a propagação de informações falsas e endurecer as regras para anúncios, principalmente depois que entidades russas foram ligadas a uma campanha para favorecer o presidente americano, Donald Trump, nas eleições de 2016. A nova ferramenta será disponibilizada não apenas em publicações sobre eleições, mas também em anúncios sobre temas controversos – aqueles que não apoiam explicitamente um candidato ou outro, mas focam tópicos altamente politizados, como imigração. O Facebook afirmou que a nova ferramenta estará disponível globalmente até o fim de junho. A companhia também anunciou planos de criar dois novos centros de operações regionais para ampliar seu trabalho no monitoramento de conteúdo relacionado a eleições – um em Dublin, na Irlanda, e outro em Cingapura. – A nova iniciativa servirá como mais uma camada de defesa contra notícias falsas, discurso de ódio, supressão de eleitores e interferência eleitoral – com especialistas do Facebook, Instagram e WhatsApp trabalhando em conjunto, disse a empresa. Em paralelo, o Facebook anunciou planos de criar um conselho independente para analisar conteúdo publicado na rede social com poderes para contrariar decisões da companhia sobre quais publicações de usuários devem ser permitidas ou removidas. O conselho de 40 membros selecionará casos para avaliar. O fundador e presidente da empresa, Mark Zuckerberg, disse que o Facebook não deve tomar esse tipo de decisão, mas encaminhá-la para um órgão independente composto por especialistas em tecnologia e direitos humanos e que seja livre de influências comerciais. Os primeiros membros serão escolhidos pelo Facebook para um mandato de três anos, mas eles mesmos decidirão sobre os futuros membros, segundo a proposta apresentada pela empresa. A ideia é que as decisões dos membros sejam compartilhadas de maneira transparente e com as devidas justificativas. Em Bruxelas, alguns parlamentares veem os esforços anunciados pelo Facebook como insuficientes para dar conta da tarefa de evitar influências nas eleições para o Parlamento Europeu. A comissária da União Europeia para Justiça, Věra Jourová, disse que a gigante da tecnologia precisa fazer mais para proteger processos democráticos. – Estou feliz em ver que o Facebook está lançando novas ferramentas e está comprometido com manter a privacidade de usuários, mas espero menos retórica e menos desculpas e mais ação concreta, especialmente quando se trata de desinformação e da proteção de eleições para que não sejam manipuladas – disse. Ela afirmou que espera que o Facebook "ajude a solucionar os problemas que eles ajudam a criar".