Mesmo preso e politicamente enfraquecido, Bolsonaro ainda mantém influência residual sobre a extrema direita, enquanto elites buscam um novo nome para enfrentar Lula em 2026.
Por Luciano Siqueira – de Brasília
Passado o desastroso governo do ex-capitão Jair Bolsonaro, e agora o dito cujo encarcerado para cumprimento de pena de quase 30 anos, discute-se que influência poderá ainda ter no desenrolar da cena política do país.

Em certa medida, uma discussão bizantina. Alguma influência terá sempre, o que muda é o tamanho dessa influência.
A conjugação de um conjunto de fatores maléficos produziu as condições para que um bisonho e boquirroto deputado que há 30 anos vinha defendendo a ditadura militar e a eliminação dos seus oponentes e mais uma meia dúzia de opiniões tresloucadas chegasse ao mais alto cargo da República.
Pandemia
Tudo o que se sucedeu, incluindo a criminosa conduta diante da pandemia de Corona vírus e a condenação pela trama golpista, a um só tempo desmascara o falso “mito” e permite a manutenção, ainda que residual, de certa influência sobre parcela da extrema direita mais radicalizada.
Entretanto, não terá o peso que muitos imaginam, pois circunscrito à camada capaz de rezar em torno de um pneu.
Demais, o capital financeiro dominante, o grande agronegócio exportador e os monopólios do grande varejo, que dele se serviram, cuidam de construir uma alternativa, dita confiável e eleitoralmente competitiva, na ânsia de bloquear uma nova vitória de Lula nas urnas.
Nas novas circunstâncias, o chamado bolsonarismo mais atrapalha do que ajuda. O que não impede que o núcleo familiar e alguns empedernidos correligionários do indigitado o ex-presidente sigam espalhando diatribes e conspirando contra a nação.
Do outro lado da ponta, há que se ampliar mais ainda a conjugação de forças ora reunida em torno de Lula e seguir produzindo bons resultados através da obra de governo e preparar, com esmero e competência, o embate eleitoral vindouro.
Na agenda, inescapável é enfrentar o desafio de eleger deputados federais e senadores comprometidos com a democracia e com a nação, na dimensão necessária para alterar a correlação de forças no parlamento, hoje tão adversa.
Luciano Siqueira, é médico membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.
As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil