Debate eleitoral de 2026 deverá incluir a questão da segurança, porém sem tirar o foco dos verdadeiros empecilhos ao desenvolvimento da nação e consequente melhora no padrão de vida do povo brasileiro.
Por Luciano Siqueira – de Brasília
O complexo midiático dominante estrebucha diante da possibilidade de uma reeleição de Lula e utiliza-se de todo artifício para desviar a peleja do seu centro verdadeiro.

Melhor dizendo: ao invés de se debater os destinos do país e a absoluta necessidade de superar a barreira quase intransponível imposta pelo capital financeiro ao desenvolvimento nacional, a mídia ensaia temas outros que, embora relevantes, não devem ocupar lugar central no debate.
A operação militar encetada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro contra o crime organizado, considerada de dimensão sem precedentes e de resultados desastrosos, enseja novo ensaio reacionário na tentativa de pautar a luta eleitoral vindoura.
Crime organizado
Óbvio que a ascensão do chamado crime organizado, hoje em todo o território nacional, e não apenas nas periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo, se constitui em tema obrigatório no enfrentamento dos impasses que infelicitam o povo brasileiro no tempo presente e em perspectiva.
Mas é igualmente óbvio que o problema tem mais o status de consequência do que de causa. O incremento do crime e da violência urbana decorre do que se tem chamado múltiplos fatores causais e não apenas da dificuldade do poder público enfrentá-lo com eficácia.
Sem exagero, tem mais a ver com a absoluta e necessidade de uma reforma urbana socialmente justa do que propriamente com o aprimoramento do aparato policial.
Entretanto, em editoriais e extensas reportagens em todas as mídias se especula, tendenciosamente, que este venha a ser o tema central da campanha presidencial.
Na verdade, o foco imediato – isto sim – deveria ser a pressão sobre o Congresso Nacional para que aprecie e vote a chamada PEC da Segurança, iniciativa do governo federal e que estabelece, inclusive, o entrosamento entre os entes federativos e a utilização de procedimentos investigativos e repressivos atualizados.
O debate eleitoral de 2026 deverá incluir a questão da segurança, porém sem tirar o foco dos verdadeiros empecilhos ao desenvolvimento da nação e consequente melhora no padrão de vida do povo brasileiro.
Tudo a ver com a defesa da soberania nacional, a democracia e a valorização do trabalho.
Ou seja, o “inimigo principal” é o capital financeiro (articulado com o agronegócio exportador e o grande varejo dominante), do qual a grande mídia se faz porta-voz empedernida.
Luciano Siqueira, é médico membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.
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