Após sete meses de investigação, a Polícia Civil desmantela rede criminosa do Terceiro Comando Puro, especializada em dificultar ações policiais com táticas de guerra urbana.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
Uma megaoperação deflagrada na manhã desta terça-feira, mobilizou diversas unidades da Polícia Civil do Rio de Janeiro com o objetivo de desarticular uma sofisticada rede criminosa ligada a Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, apontado como um dos principais líderes do tráfico no Estado. A ofensiva teve como foco o Complexo de Israel, na Zona Norte da capital, área de influência da facção Terceiro Comando Puro (TCP), e contou com o apoio de delegacias da capital, da Baixada Fluminense e do interior. As informações são da colunista Mirelle Pinheiro, do portal Metrópoles.

De acordo com as autoridades, o grupo criminoso investigado desenvolveu estratégias específicas para frustrar ações policiais. As investigações revelaram a existência de núcleos operacionais voltados ao monitoramento de viaturas, incineração de ônibus e organização de protestos simulados, todos com o objetivo claro de obstruir o trabalho das forças de segurança.
Mais grave ainda, foi identificada uma célula especializada no ataque a aeronaves policiais, formada por criminosos com treinamento militar e acesso a armamento pesado. Segundo os investigadores, esse grupo estaria preparado para tentar abater helicópteros durante incursões da polícia nas comunidades dominadas pelo TCP.
A operação é coordenada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), e integra um conjunto de ações estratégicas para enfraquecer a estrutura do TCP no Rio de Janeiro. A ofensiva é resultado de sete meses de investigações intensas, que permitiram à Polícia Civil identificar 44 traficantes até então sem antecedentes registrados, o que possibilitou a emissão de mandados judiciais com base em provas robustas.
As investigações, realizadas em conjunto com a Delegacia Antissequestro (DAS), a 22ª DP (Penha) e a 33ª DP (Realengo), revelaram que a facção comandada por Peixão é altamente organizada e armada, atuando com forte presença nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.
Segundo as autoridades, a facção mantém o controle sobre essas áreas por meio da instalação de barricadas, uso de drones para vigilância, imposição de toques de recolher e até mesmo o controle de serviços básicos. Além disso, os traficantes estariam promovendo intolerância religiosa e perseguindo praticantes de determinadas crenças, o que amplia o clima de intimidação imposto aos moradores.
— Sob o comando direto de Peixão, o TCP promove a intimidação sistemática de moradores, expulsão de rivais, ataques a agentes de segurança e ações coordenadas para impedir operações policiais — afirma a Polícia Civil em nota oficial.
A operação
A operação também tem como objetivo a apreensão de armas de fogo, drogas, rádios comunicadores, equipamentos eletrônicos, documentos e qualquer outro material que contribua para a responsabilização penal dos investigados.
Uma das medidas mais simbólicas da ação é a demolição de duas construções erguidas de forma irregular pelos criminosos. As estruturas, autorizadas judicialmente para serem derrubadas, funcionavam como abrigo e pontos estratégicos de ataque, contando inclusive com seteiras, aberturas nas paredes para disparos com proteção. A demolição visa desarticular a defesa territorial armada da facção, que dificulta a entrada das forças de segurança nas comunidades dominadas.