Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Ex-ministro das Finanças que moldou a política da Alemanha aos 81 anos

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Quarta, 27 de Dezembro de 2023 às 11:29, por: CdB

Wolfgang Schäuble atuou como parlamentar por mais de 5 décadas e teve papel central na Europa após a crise financeira de 2008. Chanceler Olaf Scholz e líderes de diferentes partidos lamentam morte do veterano político.


Por Redação, com DW - de Berlim


Wolfgang Schäuble, ex-presidente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) e ex-ministro das Finanças da Alemanha, morreu aos 81 anos, informou sua família nesta quarta-feira.




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Wolfgang Schäuble atuou como membro do Bundestag de maneira ininterrupta por mais de 50 anos

Nascido em Friburgo, em 1942, Schäuble foi por muito tempo uma figura central do partido conservador União Democrata Cristã (CDU), e é considerado por muitos a encarnação da história recente da política alemã. Ele iniciou sua carreira na antiga Alemanha Ocidental e depois tornou-se uma das principais figuras políticas da República Federal da Alemanha.


O conservador atuou como membro do Bundestag de maneira ininterrupta por 51 anos, tendo iniciado seu primeiro mandato em 1972, um recorde nos 150 anos de história do Bundestag.


Schäuble foi ministro das Finanças durante o governo de Angela Merkel, assumindo a pasta um momento bastante complicado para a Alemanha e para a Europa. Ele teve papel determinante ao lidar com as consequências da crise financeira de 2008, que agravou o endividamento no países da zona do euro.


Conhecido por sua postura rígida, ele pressionou pela imposição de políticas de austeridade nas nações em crise no sul da Europa, o que fez com que se tornasse uma figura conhecida e vilificada em países como a Grécia.



Paixão pela política


Schäuble não conseguia imaginar sua vida longe da política. "Sou parlamentar por paixão", afirmou em diversas ocasiões.


Ele chegou a ser considerado um dos favoritos para suceder o chanceler federal Helmut Kohl (1982 - 1998) na chefia de governo, após assumir uma série de cargos governamentais, inclusive como ministro do Interior, posição que ocupava em 1990 quando foi alvo de um atentado a tiros que o feriu gravemente e o deixou paralisado da cintura para baixo pelo resto de sua vida.


Ao ser perguntado em uma entrevista sobre com se sentia por ter moldado a política no Bundestag por mais de meio século, ele afirmou, com a ironia que lhe era peculiar: "assim você pode ver o quanto de alegria a política pode trazer". Ele deixa quatro filhos e sua esposa, Ingeborg.



Políticos lamentam morte de Schäuble


O atual chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, lamentou a morte do veterano político. Ele lembrou que o conservador "moldou nosso país por mais de meio século", como parlamentar, ministro e presidente do Bundestag.


– A Alemanha perde um pensador sagaz, um ardoroso político e um combatente pela democracia – lamentou o social-democrata, que sucedeu Schäuble como ministro das Finanças em 2018. "Meus pensamentos hoje estão com sua família", afirmou o chanceler em postagem na rede social X (ex-Twitter).


O líder da CDU, Friedrich Merz, disse que a morte o deixou enormemente entristecido. "Em Wolfgang Schäuble, perdi o amigo e confidente mais próximo que já tive a política".


Katrin Göring-Eckhardt, uma das principais figuras do Partido Verde alemão, escreveu que o país perdeu um "defensor apaixonado da nossa democracia parlamentar". Ela contou que seu adversário político conquistou seu profundo respeito apesar de ambos possuírem "convicções políticas diferentes". 


– Valorizava sua força nos debates, sua persistência, nem sempre insistindo, mas sempre aberto a continuar as discussões em um nível alto e desafiador – disse Göring-Eckhardt, elogiando a atuação longeva de Schäuble. 


A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, transmitiu suas condolências à família de Schäuble. "Poucos políticos moldaram a história recente da Alemanha e de nossa cultura democrática como Wolfgang Schäuble", disse a ministra, destacando o comprometimento do ex-ministro com a união da Alemanha da Europa.


O Conselho Central dos Judeus na Alemanha também postou uma homenagem ao veterano político, o descrevendo como "um amigo próximo da comunidade judaica na Alemanha".




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