A reportagem levou em conta os 56 deputados que assinam como autores do ‘PL do Estupro’ e verificou quais deles votaram para derrubar os vetos presidenciais que restringiam diversos pontos do ‘PL do Veneno’. Após a repercussão negativa do ‘PL do Estupro’, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão para debater o projeto.
Por Redação – de São Paulo
Levantamento da Organização Não Governamental (ONG) Repórter Brasil constata que 51 dos 56 parlamentares que assinaram o Projeto de Lei (PL) conhecido como ‘PL do Estupro’ também foram favoráveis ao chamado ‘PL do Veneno’, que deu origem à nova Lei de Agrotóxicos.
Enquanto o primeiro equipara o aborto legal após 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive em casos de estupro, o segundo pode facilitar a liberação de agrotóxicos com potencial para provocar abortos espontâneos e malformações fetais.
— Chama a atenção que o mesmo grupo político e ideológico que é conservador, e tem discurso de defesa da vida, é o que apoia as situações que colocam a vida em risco — afirma a médica e sanitarista Lia Giraldo, especialista nos efeitos dos pesticidas sobre a saúde de mulheres grávidas e bebês.
Relatório
A pesquisadora é uma das autoras do relatório ‘Saúde Reprodutiva e a Nocividade dos Agrotóxicos’, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que revisou diversos estudos já realizados no Brasil sobre o tema.
Além do aborto espontâneo, o relatório também cita pesquisas que apontam como os agrotóxicos podem causar infertilidade, baixo peso no nascimento, prematuridade, malformação congênita, atrasos no desenvolvimento neurológico e cognitivo da criança e até câncer.
A reportagem levou em conta os 56 deputados que assinam como autores do ‘PL do Estupro’ e verificou quais deles votaram para derrubar os vetos presidenciais que restringiam diversos pontos do ‘PL do Veneno’. Após a repercussão negativa do ‘PL do Estupro’, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão para debater o projeto.