De acordo com a autoridade eleitoral do país, o ex-banqueiro Guilheme Lasso, candidato de direita pela Aliança Creo-PSC, assumiu o segundo lugar na disputa, com 19,74% dos votos, ao passar a frente do líder indígena e ambientalista Yaku Pérez, do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik (MUPP-18).
Por Redação, com RBA - de Quito e São Paulo
Em franca vantagem, o candidato Andrés Arauz, da Coalizão União pela Esperança, aguarda a definição de seu adversário para o segundo turno das eleições equatorianas. A próxima etapa da disputa eleitoral está prevista para o dia 11 de abril. Com 99,96% das urnas apuradas, o candidato progressista que conta com o apoio do ex-presidente do Equador Raphael Corrêa se consolidou ao segundo turno, com a maior vantagem, de 32,07% dos votos.
De acordo com a autoridade eleitoral do país, o ex-banqueiro Guilheme Lasso, candidato de direita pela Aliança Creo-PSC, assumiu o segundo lugar na disputa, com 19,74% dos votos, ao passar a frente do líder indígena e ambientalista Yaku Pérez, do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik (MUPP-18).
A diferença entre os candidatos, no primeiro turno das eleições, realizado no dia 7 de fevereiro, era muito pequena. Yaku Pérez teve 19,38% dos votos, mas o presidenciável de direita ampliou sua vantagem durante a semana, e assumiu o segundo lugar das eleições.
Recontagem
Pérez, no entanto, acusou a existência de fraude no resultado, mesmo sem apresentar provas da denúncia, e pediu às autoridades que os votos fossem recontados. Lasso concordou com o pedido que foi acatado e iniciado, ainda na sexta-feira, pelo Conselho Eleitoral. A recontagem será parcial e considerará os votos de 17 das 24 províncias do país. A previsão é que o resultado seja divulgado nesta quarta-feira.
Caso o segundo lugar seja confirmado a Lasso, a situação eleitoral de Andrés Arauz tende a ser mais vantajosa, na avaliação do fundador e editor do site Opera Mundi, jornalista Breno Altman. Em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), o analista observa que Arauz poderá atrair parte importante do eleitorado de Yaku Pérez.
O líder indígena é visto como progressista, apesar de, segundo Altman, ser “profundamente reacionário”, principalmente em suas posições internacionais. Pérez apoiou, por exemplo, os golpes contra os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), no Brasil, e Evo Morales (MAS), na Bolívia.
Esquerda
A previsão também é que Arauz herde os votos de Javier Hervas, representante da Esquerda Democrática que obteve 16% dos votos. E, embora seja parte da social democracia, fez uma campanha sem se identificar com as velhas oligarquias equatorianas, atraindo os votos progressistas, como comenta o jornalista. Ao todo, 16 candidatos concorreram no primeiro turno, mas as três forças à esquerda foram as mais representativas.
Andrés Arauz também tem parte da preferência por ser o candidato apoiado pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017). Para Altman, a consolidação do candidato de esquerda confirma um rearranjo das forças políticas na geografia latina.
— Eu creio que está girando o pêndulo da política latino-americana novamente para a esquerda. Há fortes sinais de retomada de uma ofensiva progressista na América Latina — afirmou o jornalista.
Fake news
Não à toa, embora o Equador atravesse a indefinição quanto ao candidato que participará do segundo turno, a disputa eleitoral já é marcada por fake news contra o candidato de esquerda. Neste domingo, Arauz recebeu a acusação de ter recebido um empréstimo do Exército de Libertação Nacional, uma das guerrilhas colombianas que ainda não se integrou ao acordo de paz proposto em 2016.
Uma reação contra a retomada progressista também é prevista por parte do governo de Joe Biden dos Estados Unidos.
— Embaixadas e agências estadunidenses serão usadas a serviço das forças de direita para derrotar partidos de esquerda ou para desestabilizar governos progressistas na região. Não se pode ter nenhuma ilusão com Biden a esse respeito. Há um jogo pesado que já começa a ser feito contra Arauz. Guilherme Lasso tem muito dinheiro e recurso midiático. Então, será uma guerra — prevê Altman.
Lenín Moreno
Qualquer que seja o resultado em abril, segundo Altman, o maior derrotado é o atual presidente do Equador, Lenín Moreno, pois sai como um “peso morto” do cenário eleitoral. Ex-candidato de Correa, Moreno teve seu mandato marcado por uma guinada à direita que levou o país a resultados econômicos “desastrosos”, de acordo com o fundador do Opera Mundi.
— Tal qual o presidente Jair Bolsonaro, ele também foi incapaz de enfrentar a pandemia. Moreno opera com o pouco que resta de forças para apoiar qualquer candidato que derrote András Arauz, porque ele sabe que a vitória dele seria sua derrota e desmoralização definitivas. Mas ele não tem mais presente e certamente nem mais futuro — resume Breno Altman.