Esquema de fraudes em candidaturas chega agora a Flávio Bolsonaro
Até agora, porém, as denúncias sobre o desvio de dinheiro público para candidaturas 'laranjas' já levaram à demissão do ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência e chegam ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Quinta, 21 de Fevereiro de 2019 às 11:55, por: CdB
As denúncias sobre o desvio de dinheiro público para candidaturas fraudulentas já chegam ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
O cerco promovido em conjunto por setores da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), ao lado de promotores do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ); de Minas Gerais (MPE-MG) e de Pernambuco (MPE-PE) tem se aproximado mais dos escândalo sobre as candidaturas fraudulentas do PSL, nos três Estados. Novos desdobramentos, no entanto, são aguardados para as próximas horas.
Flávio, primogênito do presidente Jair Bolsonaro, acaba de entrar na alça de mira dos investigadores sobre as candidaturas fraudulentas do PSL
Até agora, porém, as denúncias sobre o desvio de dinheiro público para candidaturas 'laranjas' já levaram à demissão do ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência e chegam ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Recursos do fundo público eleitoral, segundo investigam os agentes de segurança, foram transferidos para empresa de uma ex-assessora do primogênito do presidente da República.
Flávio Bolsonaro, no entanto, é alvo de outra investigação; dessa vez por movimentações atípicas feitas pelo ex-assessor Fabricio Queiroz, identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Desta vez, contudo, recursos do fundo eleitoral teriam seguido, por ordem do diretório nacional do PSL, para a contratação da empresa Ale Soluções e Eventos. A empresa pertence à contadora Alessandra Ferreira de Oliveira, primeira-tesoureira do partido no Rio de Janeiro. Ela é ligada diretamente a Flávio Bolsonaro, que ocupa, hoje, a Presidência do Diretório Estadual da legenda.
Locação suspeita
De acordo com levantamento promovido pela mídia conservadora, a Ale teria recebido R$ 55,3 mil em pagamentos feitos por 42 candidatos da legenda, no Estado. Desse total, ainda parcial devido ao andamento das investigações, R$ 26 mil foram originários de 33 candidatas. Elas teriam recebido verbas por meio de repasses efetuados pelo diretório nacional do PSL. Entre as 33 candidatas, 26 conseguiram menos de 2 mil votos. Ainda conforme o levantamento, dentre os valores repassados a essas candidatas, 14 parcelas em valores iguais de R$ 750,00 seguiram "para a Ale e para um escritório de advocacia”.
“Parte da verba restante acabou beneficiando um irmão e um sobrinho de Valdenice, tesoureira do PSL no Rio. Seu irmão, Paulo Eduardo Rodrigues de Oliveira, recebeu R$ 1.350.00, enquanto Renan Meliga dos Santos, sobrinho do esposo da tesoureira, foi contratado por R$ 7.500 para atuar na locação de veículos”, segue.
O senador Flávio Bolsonaro, em nota, disse que as candidatas puderam escolher, livremente, os profissionais responsáveis pela prestação de contas da campanha e que os preços praticados foram simbólicos. "Ouvidas a maioria delas (ex-candidatas), restará evidenciada a verdade, ou seja, de que tudo se deu de modo transparente e em respeito às normas legais e éticas", diz o senador.
Ministro na mira
Alvo de novas investigações, o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, seguiu os passos de Flávio Bolsonaro. Ele pediu ao STF, nesta quinta-feira, que suspenda toda e qualquer investigação sobre seu envolvimento com as candidatas que serviram de ‘laranjas’, em Minas Gerais. Uma mensagem no WhatsApp, porém, deixa ainda mais complicada a vida do ministro, perante a Justiça.
Álvaro Antonio é acusado de desviar recursos públicos para sua campanha eleitoral e a deputada Janaina Paschoal (PSL-SP), líder de votos no Estado, já pediu sua demissão. Enquanto ocupava a Presidência do PSL mineiro, Marcelo teria cobrado uma espécie de taxa das candidatas de fachada.
Na mensagem por meio do aplicativo, um assessor do ministro – Haissander de Paula – pede dinheiro de volta a uma das candidatas: Cleuzenir Barbosa. Essa mensagem, segundo investigadores ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, coloca por terra as alegações em defesa do ministro.
Lavagem
Na mensagem, o assessor diz que Barbosa nunca tinha apresentado qualquer indício de irregularidade. Em entrevista a um dos diários conservadores paulistanos, a professora aposentada e candidata forjada revela o esquema de lavagem de dinheiro.
— Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles. Esse era o esquema. R$ 10 mil foi o que me falaram que eu poderia ficar, foi aí que eu vi que tinha erro. Eles falaram que eu poderia fazer o que eu quisesse. — afirmou aos jornalistas.