O Palácio do Planalto gostaria que Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Paulo Guedes, assumisse o comando da empresa na semana que vem, mas dificilmente atingirá seu objetivo sem uma ampla negociação com o atual dirigente da petrolífera brasileira.
Por Redação - de Brasília
Depois da demissão retumbante, pelas redes sociais, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) agora quer a renúncia imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, depois de a estatal anunciar um reajuste de 5,2% na gasolina e de 14,2% no diesel nas refinarias, a valer já a partir deste sábado, para reduzir a defasagem em relação aos preços praticados no exterior. O aumento ocorreu após o conselho de administração da companhia liberar por unanimidade, na tarde passada, um novo aumento dos combustíveis, para desespero do governo.
Demitido
O Palácio do Planalto gostaria que Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Paulo Guedes, assumisse o comando da empresa na semana que vem, mas dificilmente atingirá seu objetivo sem uma ampla negociação com o atual dirigente da petrolífera brasileira.
Na noite passada, Bolsonaro afirmou pelas redes sociais, durante as transmissões que normalmente faz às quintas-feira, que esperava trocar o presidente da Petrobras até o fim da semana que vem. O mandatário também afirmou que a troca permitiria que a Petrobras levasse mais tempo para fazer ajustes nos preços dos combustíveis.
Bolsonaro conta com o apoio do chamado ‘Centrão’, chefiado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ambos têm tratado, por telefone, com uma série de parlamentares no objetivo de conquistar apoio e forçar a saída de Coelho da Petrobras. Eles argumentam que Coelho já foi demitido publicamente por Bolsonaro e, por isso, deveria renunciar o quanto antes.
PEC do ICMS
Se Coelho não aceitar os argumentos e resistir à pressão, a troca de comando na empresa pode ocorrer somente após a realização de uma assembleia-geral extraordinária de acionistas da empresa e a aprovação dos novos nomes indicados pelo governo para compor o conselho de administração. A assembleia ainda não foi agendada pelo comando da estatal e poderia ocorrer apenas no mês que vem.
O ambiente é de tensão pelos corredores do Palácio do Planalto. Assistentes mais próximos do núcleo de poder tentam precificar o impacto de mais um reajuste dos combustíveis na pré-campanha à reeleição do atual mandatário. Reservadamente, analistas ligados ao PL têm comentado com jornalistas que os combustíveis funcionam como uma espécie de ‘bala de prata’ que, uma vez alojada na realidade brasileira, nos próximos meses, será letal para o objetivo de Bolsonaro permanecer por mais quatro anos no cargo.
Há semanas, o governo vinha pressionando a Petrobras para que segurasse o preço dos combustíveis até o fim das negociações com o Congresso em relação à PEC para compensar os Estados pela perda de arrecadação com o ICMS. A proposta do governo é pagar os Estados para zerar as alíquotas do imposto sobre o diesel e o gás de cozinha, até o fim do ano.