Embora o país tenha firmado uma série e compromissos internacionais com a transição da matriz energética, um dos alvos do desentendimento entre o ministro e o presidente da Petrobras, Silveira reforçou, em entrevista ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), nesta manhã, que o Brasil investirá na exploração de petróleo.
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
A disputa pela Presidência da Petrobras ganhou novos contornos, nesta quarta-feira, após pronunciamento do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, quanto aos rumos da petroleira estatal. Diante da pressão, Prates pediu uma audiência ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para que ele decida a questão.
Embora o país tenha firmado uma série e compromissos internacionais com a transição da matriz energética, um dos alvos do desentendimento entre o ministro e o presidente da Petrobras, Silveira reforçou, em entrevista ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), nesta manhã, que o Brasil investirá na exploração de petróleo até alcançar os mesmos indicadores sociais de economias desenvolvidas.
— Na minha opinião, (o país vai explorar petróleo e gás) até quando o Brasil conseguir alcançar Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) à altura do que atingiram os países industrializados, que hoje podem contribuir muito pouco com a questão ambiental porque se industrializaram muito antes de nós — afirmou.
Conflito
Silveira também reconheceu, na conversa com jornalistas, que há um conflito entre seu papel e o do presidente da Petrobras, mas ressalta que as divergências são salutares e não pessoais.
— Sempre tive debates acalorados, verdadeiros. Mas debates transparentes sobre o que eu, como governo, defendo na Petrobras; e o presidente da Petrobras, naturalmente, (apoia) como presidente de uma empresa. Os papéis são diferentes. Por isso há um conflito — acrescentou.
Ainda segundo o ministro, “se o presidente da empresa (…) tivesse votado com o conselho (sobre o plano de investimentos), não teria tido barulho.
— Historicamente, há um salutar debate entre o ministro de Minas e Energia e o presidente da Petrobras. A ministra Dilma (Rousseff) tinha conflitos com o presidente (Sergio) Gabrielli. Sempre houve conflitos. Não houve no governo Bolsonaro, porque o Paulo Guedes não deixava o ministro Bento (Albuquerque) ter acesso ao presidente da Petrobras (Caio Mário Paes de Andrade, na reta final do governo) — pontuou.
Alexandre Silveira reforça seu papel de liderança nas discussões sobre os rumos da petroleira ao lembrar que “o presidente Lula nunca promoveu uma reunião com o presidente da Petrobras na minha ausência”.
Audiência
Diante do pronunciamento, Prates pediu uma audiência com Lula, nesta manhã, para conversar sobre o ‘fogo amigo’. O ex-senador pretende, assim, encerrar a discussão. A saída da estatal passa, então, a figurar como uma das principais opções consideradas por Prates, ainda que espere o posicionamento favorável à sua permanência.
O pedido é o último movimento de Prates, após os ataques se intensificaram, partindo por parte de Silveira, que conta com o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Costa, segundo a colunista da FSP Mônica Bergamo “estaria inclusive sondando candidatos que poderiam vir a comandar a estatal”.
Nova lista
“O presidente da Petrobras mantém o apoio de lideranças do PT, de senadores da base de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Eles consideram que a saída de Prates, neste momento, poderia ser traumática para a empresa e o governo, gerando uma crise desnecessária”, acrescenta a colunista.
Mas os rumores de uma queda próxima se acumulam e já existe até uma lista de possíveis substitutos já circulando em Brasília. Ricardo Savini, fundador da 3R Petroleum, está entre os cotados. O secretário Especial de Análise Governamental da Presidência da República, Bruno Moretti também figura na lista de possíveis substitutos de Prates; além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloisio Mercadante.