O economista Nouriel Roubini, que ganhou o apelido de "Doctor Doom" (Doutor Apocalipse) após ter previsto o estouro da bolha imobiliária de 2008, chamou atenção para os índices de endividamento de empresas e governos, afirmando que os números podem ser indicadores de uma recessão mais profunda nos Estados Unidos.
Por Redação, com Bloomberg - de Nova York, NY-EUA
O economista Nouriel Roubini, um dos poucos a prever a crise financeira de 2008, afirmou que uma recessão "longa e feia" pode atingir os Estados Unidos e o mundo no fim deste ano, e que a crise poderia persistir até 2023. Roubini alertou, em recente entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg, que mesmo uma retração simples poderia derrubar o S&P 500 (parâmetro para as ações negociadas em Nova York) em 30%. Ele espera, porém, uma crise ainda maior para o país, que causaria uma queda de 40% do índice.
O economista, que ganhou o apelido de "Doctor Doom" (Doutor Apocalipse) após ter previsto o estouro da bolha imobiliária de 2008, chamou atenção para os índices de endividamento de empresas e governos, afirmando que os números podem ser indicadores de uma recessão mais profunda nos Estados Unidos, especialmente num contexto de alta das taxas de juros.
— Muitas instituições zumbis, famílias zumbis, corporações, bancos, bancos paralelos e países zumbis vão morrer — afirmou Roubini à Bloomberg.
Projeção
Segundo Roubini, atingir uma taxa de inflação de 2% nos EUA sem um pouso forçado (forte desaquecimento da economia) seria uma "missão impossível" para o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano). Atualmente, a alta acumulada da inflação em 12 meses do país está situada em 8,3%.
O economista projeta alta de 0,75 ponto percentual nos juros norte-americanos na reunião desta quarta-feira, e mais 0,50 ponto nos encontros de novembro e dezembro. Com isso, a taxa de juros do Fed ficaria entre 4% e 4,25% até o fim do ano.
Para ele, a inflação persistente, especialmente nos salários e no setor de serviços, fará com que o Fed não tenha escolha além de subir ainda mais os juros, que devem chegar a 5%, segundo suas projeções.
Estímulos
Além disso, Roubini afirma que os choques de oferta decorrentes da pandemia, da Guerra da Ucrânia e da política de covid zero da China trarão custos mais altos e menor crescimento econômico, dificultando ainda mais a missão do Fed.
O especialista afirma, ainda, que não espera estímulos fiscais como resposta à crise, já que as altas dívidas de governos e a inflação crescente impossibilitariam políticas expansionistas. Como resultado, Roubini projeta estagflação (estagnação combinada com inflação) e um grande endividamento, similar ao da crise financeira global.
— Não será uma recessão curta e superficial, será severa, longa e feia — conclui.