Olavo de Carvalho foi intimado pela PF e, antes de cumprir o que determina a Justiça, comprou passagens em dinheiro, viajou de carro até o Paraguai e cruzou a fronteira sem passar pela imigração. Para evitar a oitiva, o guru da ultradireita alegou problemas de saúde.
Por Redação - de São Paulo
As forças neofascistas que atuam à solta, no Brasil, formou uma rede de proteção para os integrantes dos movimentos de ultradireita capaz de retirar, às pressas, os indivíduos que se envolveram no tráfico de notícias falsas e ações ilegais contra a democracia. A exemplo da fuga de integrantes do III Reich alemão, após a derrota na II Guerra Mundial, para os países da América Latina, o corredor de escape conta com apoio de setores dos governos nacionais. Último beneficiado por esse esquema, o astrólogo Olavo de Carvalho, ideólogo do bolsonarismo, já se encontra em casa, nos EUA, após evitar um interrogatório na Polícia Federal (PF).
Olavo de Carvalho foi intimado pela PF e, antes de cumprir o que determina a Justiça, comprou passagens em dinheiro, viajou de carro até o Paraguai e cruzou a fronteira sem passar pela imigração. Para evitar a oitiva, o guru da ultradireita alegou problemas de saúde. Já nos EUA, o suspeito gravou um vídeo em que negou ter saído para se esconder do depoimento e disse que lhe ofereceram passagens de última hora.
As informações constam do inquérito sobre a existência de milícias digitais, no qual Olavo foi intimado. Ele foi intimado no dia 9 de novembro. Um dia depois, a mulher dele comprou duas passagens para Miami com saída de Assunção, no Paraguai, previstas para o dia seguinte. A compra foi realizada em um agência de viagens e o pagamento foi feito em espécie.
‘Coisa rápida’
Ainda no dia 10, após a aquisição dos bilhetes, Olavo saiu sem avisar da clínica onde estava internado.
— Eu estava no hospital e me ofereceram um voo repentino para dali a 15 minutos — disse ele, no vídeo gravado já nos EUA.
Carvalho disse que a "coisa foi tão rápida" que não foi possível se despedir dos médicos e enfermeiros do hospital em que estava internado.
— O pessoal chama de saída à francesa — zombou.
Ainda de forma coordenada, alegando a possibilidade de perseguições políticas, a Polícia Internacional (Interpol) ainda não atendeu os pedidos para a inclusão de bolsonaristas em lista de procurados.
A instituição multilateral, que reúne representantes de polícias de cerca de 200 países, deixou de fora o caminhoneiro Marcos Gomes, o Zé Trovão, e ainda segura o pedido do STF para colocar o blogueiro bolsonaristas Allan dos Santos na difusão vermelha. Allan tem prisão preventiva decretada pelo Supremo.