Mourão evitou descer aos detalhes do discurso do presidente, na véspera. Ele avaliou, contudo, que a fala de Bolsonaro não deve causar consequências às relações com os Estados Unidos, por não ser, minimamente, sério.
Por Redação - de Brasília
Em rota de colisão com o companheiro na chapa que alcançou o Palácio do Planalto, nas últimas eleições, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), tentou colocar ‘panos quentes’, mais uma vez, nos hematomas causados à imagem do país, tanto internamente quanto no exterior. Segundo Mourão, as declarações de Bolsonaro sobre usar "pólvora" para proteger a Amazônia trata-se de um "aforismo antigo”.
Mourão evitou descer aos detalhes do discurso do presidente, na véspera. Ele avaliou, contudo, que a fala de Bolsonaro não deve causar consequências às relações com os Estados Unidos, por não ser, minimamente, sério.
— Acho que ele se referiu a um aforismo antigo que diz que quando acaba a diplomacia entram os canhões, foi isso que ele se referiu — afirmou, na chegada à sede da Vice-presidência.
Bolsonaro afirmou, na véspera, no Palácio do Planalto, que "quando acaba a saliva tem que ter pólvora", ao citar possíveis sanções econômicas dos Estados Unidos ao Brasil caso o desmatamento na Amazônia não seja controlado.
— Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas pela diplomacia não dá — declarou Bolsonaro nesta terça, sem citar o nome de Joe Biden.
Atitude
O governo brasileiro é um dos poucos que ainda não se pronunciaram sobre a vitória do democrata nas eleições americanas. Aliado de Donald Trump, Bolsonaro aguarda o fim das ações judiciais movidas pelo atual presidente americano, que ainda não admitiu derrota.
Questionado se a fala de Bolsonaro poderia trazer consequências para a relação diplomática com os EUA, uma vez que o Brasil ainda não reconheceu a vitória de Biden, o vice-presidente minimizou o ocorrido e pediu calma. "Não causa nada. Isso aí tudo é figura de retórica, vamos aguardar, dê tempo ao tempo", disse Mourão.
O vice-presidente também tentou minimizar, também, a atitude de Bolsonaro, que negou não conversar com ele há tempos.
— Eu falei com o presidente na segunda-feira, pô. Vocês não viram na cerimônia que estávamos os dois lado a lado conversando? — questionou aos jornalistas.
Afastamento
Nesta manhã, Mourão disse ainda que sua relação com Bolsonaro é "ética e de lealdade". O distanciamento entre eles, no entanto, foi exposto pelo próprio presidente. Na noite de segunda-feira, logo após o encontro na solenidade citada pelo vice-presidente, o mandatário disse em entrevista ao canal norte-americano de TV CNN Brasil que não estava falando com Mourão sobre "qualquer assunto".
O comentário ocorreu a propósito da fala de Mourão, que afirmou que "na hora certa" o Brasil iria cumprimentar o novo eleito para presidente nos Estados Unidos.
— O que ele (Hamilton Mourão) falou sobre os Estados Unidos é opinião dele. Eu nunca conversei com o Mourão sobre assuntos dos Estados Unidos, como não tenho falado sobre qualquer outro assunto com ele — resumiu Bolsonaro, à CNN.