Todos reafirmaram que os militares “não participarão de nenhuma aventura golpista” encabeçada por Jair Bolsonaro. É nesse ambiente que o governo planeja celebrar o golpe – que por 20 anos censurou, perseguiu, prendeu e executou opositores –, que completa 57 anos, após receber aval do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5)
Por Redação - de Brasília
A “comemoração” do golpe de 1964, nesta quarta-feira, por parte de seus apoiadores, entre eles o presidente da República, será feita em meio a uma crise política e militar, após pressão do presidente para que as Forças Armadas se envolvessem em seu projeto político, após os comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha pediram renúncia conjunta por discordâncias severas do presidente da República.
Todos reafirmaram que os militares “não participarão de nenhuma aventura golpista” encabeçada por Jair Bolsonaro. É nesse ambiente que o governo planeja celebrar o golpe – que por 20 anos censurou, perseguiu, prendeu e executou opositores –, que completa 57 anos, após receber aval do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), com sede em Recife.
Verdade
Além disso, para o advogado e professor universitário Pedro Dallari, que presidiu a Comissão Nacional da Verdade, celebrar o golpe de 1964 vai contra os valores expressos na Carta Magna de 1988, da qual fez parte como deputado constituinte.
— O Estado brasileiro é baseado no Estado democrático de Direito e todas as conduções dos órgãos estatais devem estar sintonizadas com essa ideia. O país se redemocratizou, criou uma nova Constituição Federal e fixou princípios para o Estado, como defensor da liberdade e dos direitos humanos. Portanto, isso vai contra a lógica da ditadura militar — disse Dallari.
Pedro Dallari lembrou ainda que a Comissão da Verdade concluiu um relatório, em 2014, recomendando que celebrações oficiais pelo golpe de 1964 sejam proibidas.
— Qualquer país do mundo tem partidos e segmentos de extrema direita e ultraconservadores. Esses grupos sociais podem defender seus interesses, porque é o preço da liberdade. O que não pode é o Estado assumir essas teses contrárias ao próprio fundamento da democracia — concluiu.