Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Com as bênçãos do MST, aliança entre petista e ex-tucano tende a decolar

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Quinta, 20 de Janeiro de 2022 às 11:32, por: CdB

Na véspera, Lula concedeu uma entrevista à mídia alternativa e disse não “haver problemas” para compor uma coalizão com o ex-tucano. Para a cientista política, a união entre os dois está quase certa, restando saber apenas o partido em que estará o ex-tucano Geraldo Alckmin, líder da direita e ex-governador do Estado de São Paulo.

Por Redação - de São Paulo
As declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva direcionadas a uma possível formação de chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, nas eleições presidenciais, são uma maneira de o petista acenar para o centro, desmobilizar a narrativa que o aponta como “radical” e, ainda assim, manter suas políticas progressistas, na análise da professora de Ciência Política Mayra Goulart da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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Militantes sem-terra marcham rumo a Brasília, para o registro da candidatura Lula
Na véspera, Lula concedeu uma entrevista à mídia alternativa e disse não “haver problemas” para compor uma coalizão com o ex-tucano. Para a cientista política, a união entre os dois está quase certa, restando saber apenas o partido em que estará Alckmin. — Essa chapa está cada vez mais próxima e faz parte da caminhada de Lula rumo ao centro, o que é uma estratégia válida diante de um governo autoritário. Lula vai tentar expandir a intenção de voto para além da esquerda. Ao sinalizar para o centro, ele desmobiliza a narrativa bolsonarista de que não é moderado — afirmou à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).

Histórico

Em linha com a análise da cientista política, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sinalizou ao líder petista que não tem qualquer objeção ao nome do ex-governador Geraldo Alckmin como vice e reforçou a mensagem de que embarcará na campanha do petista à Presidência de qualquer maneira. ​Histórico aliado do PT, o movimento tem resgatado episódios da convivência com Alckmin nos anos em que o ex-tucano governou São Paulo e difundido a avaliação de que ele teve "comportamento de democrata". A organização não fechou posição oficial sobre o tema, mas reiterou o apoio a Lula. João Paulo Rodrigues, que é da coordenação nacional do movimento e interlocutor do ex-presidente, lembrou nos últimos dias o papel de Alckmin como vice do governador Mario Covas, entre 1995 e 2001. Disse que, ao assumir a cadeira, o então tucano manteve a linha de Covas e não perseguiu o grupo.

Centro-esquerda

O ex-presidente e dirigentes nacionais do PT defendem a discussão sobre uma possível revogação de parte da reforma trabalhista além da derrubada da lei do teto de gastos e de uma mudança na política de preços da Petrobras. Goulart acredita que o mercado já “precificou a vitória de Lula”, mas não acredita que as elites financeiras defenderão a candidatura do petista, pois vão priorizar os candidatos que rentabilizam seus ganhos. — Lula sinaliza que é um candidato de esquerda, por isso coloca a oposição entre desigualdade e teto de gastos, dizendo que quer um Estado forte. Tudo isso compõe o ideário que ele apresenta, embora amparado ao centro, sem abrir mão de fazer um governo de esquerda. Isso causa menos assombro ao mercado, pois se sabe que Lula não será nada radical — acrescentou.  O ex-presidente também disse aos jornalistas que conversa com ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). Na avaliação de Mayra Goulart, para uma coalizão de governo e apoio legislativo, uma chapa com Alckmin no PSD seria mais interessante ao petista, já que o PSB costuma votar a favor de pautas progressistas.

Disputa

Mayra Goulart, no entanto, acredita que o caminho mais fácil de viabilização da chapa é o PSB, pois o partido de Kassab tem o obstáculo de ter muitos deputados conservadores. — No PSD, há mais deputados que terão a perder se estiverem numa composição com Lula, pois possuem uma base eleitoral conservadora, enquanto o PSB tem parlamentares mais ligados à esquerda e o petista não seria um impedimento eleitoral. E a eleição legislativa é o principal campo de disputa desses partidos, que querem aumentar a representação na Câmara — pontuou. Numa possível aliança com o PSB e Alckmin, Lula diz que o partido poderia fechar um acordo e o senador Humberto Costa retiraria pré-candidatura em Pernambuco, abrindo espaço para um candidato pessebista. Lula manifestou apoio a Marcelo Freixo ao governo do Rio de Janeiro, porém, ao falar sobre as eleições de São Paulo, disse que haverá uma avaliação pra ver se Marcio França ou Fernando Haddad tem mais chance, mas observou que nunca um candidato petista teve tanta chance de ganhar. Para a cientista política, o PSB não está numa posição de fazer tantas demandas ao PT. — Principalmente por estar numa chapa com um candidato franco favorito, ou seja, ganhando um patamar de visibilidade que não conseguiria de outra forma. É um jogo duro sem muito cacife — encerrou.
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