Rio de Janeiro, 29 de Junho de 2025

Colômbia aprova reforma tributária proposta pelo governo Petro

Nas duas casas do Legislativo, os pontos mais polêmicos foram os chamados tributos saudáveis, que iriam incidir sobre os alimentos ultraprocessados; a agenda verde, com impostos para desestimular a emissão de gases do efeito estufa; e a taxação sobre o setor extrativista de minérios e combustíveis fósseis. 

Sexta, 04 de Novembro de 2022 às 10:33, por: CdB

Nas duas casas do Legislativo, os pontos mais polêmicos foram os chamados tributos saudáveis, que iriam incidir sobre os alimentos ultraprocessados; a agenda verde, com impostos para desestimular a emissão de gases do efeito estufa; e a taxação sobre o setor extrativista de minérios e combustíveis fósseis. 

Por Redação, com Brasil de Fato - de Bogotá

O Congresso da Colômbia aprovou a reforma tributária proposta pelo governo na noite de quinta-feira. Com a medida, o Estado colombiano busca arrecadar 20 bilhões de pesos (cerca de R$ 204 milhões) até o final de 2023, sendo que 8,1 bilhões de pesos seriam fruto dos impostos de pessoas físicas e 5,5 bilhões de pesos da cobrança a empresários.

colombia.jpeg
Após dois meses de debates e negociação, Congresso colombiano aprovou reforma tributária

– A mais liberal da história, mas também a mais consensuada – disse o ministro da Fazenda, José Antonio Ocampo, após a aprovação da reforma na Câmara de Representantes. Os novos recursos deverão ser destinados para a aplicação da política de "paz total" do governo do Pacto Histórico. Os três objetivos do projeto são: erradicar a fome, reduzir a pobreza e acabar com tratamento preferencial na cobrança de impostos. 

Nas duas casas do Legislativo, os pontos mais polêmicos foram os chamados tributos saudáveis, que iriam incidir sobre os alimentos ultraprocessados; a agenda verde, com impostos para desestimular a emissão de gases do efeito estufa; e a taxação sobre o setor extrativista de minérios e combustíveis fósseis. A proposta foi aprovada por blocos e na próxima terça-feira haverá uma sessão conjunta para redatar o texto final com as mudanças sugeridas pelos congressistas e senadores. 

Entre as alterações já aprovadas estão: a suspensão da cobrança de impostos a igrejas, e a taxação de rendimentos no exterior, ambos previstos no documento original.

Entenda a reforma

A proposta prevê a criação de imposto de 0,5% a 1,5% sobre a renda de pessoas com ganhos mensais superiores a 13 milhões de pesos (cerca de R$ 13 mil), bancos e agências financeiras deverão pagar um imposto de 5% sobre os lucros e também estão previstas novas taxas sobre a indústria petrolífera e o setor de mineração.

A partir de julho de 2023, a indústria do petróleo deverá pagar uma taxa de 5 a 15%; para extração de carvão será de 5 a 10%. Já as hidroelétricas deverão pagar 3% de impostos que servirão para subsidiar as contas de energia aos mais pobres. 

O Senado ainda decidiu que 20% do valor arrecadado com impostos sobre combustíveis fósseis deverão ser destinados ao Programa Nacional de Substituição de Ilícitos.

A reforma também suspende o Imposto de Valor Agregado (IVA) sobre os produtos da cesta básica alimentar e serão aplicados mais impostos sobre bebidas açucaradas e alimentos superprocessados, tirando o pão, laticínios e mel. Por outro lado, implementa-se o IVA para produtos importados com valor superior a US$ 200 vindos de países que não possuem acordos de livre comércio com a Colômbia.

O professor da Universidade do Norte da Colômbia, Luis Fernando Trejos, avalia que o resultado é positivo e que a nova lei servirá de base para implementar a agenda de paz do novo governo, que já inicia as negociações com grupos armados neste mês de novembro. "Ao que tudo indica todas as reformas estarão ligadas à agenda de paz total. Por isso, primeiro ele [Petro] busca aprovar a reforma tributária, porque é o projeto que lhe dará recursos para seguir avançando no seu programa de governo", comenta ao Brasil de Fato. 

O projeto foi apresentado no dia 8 de agosto, ainda na primeira semana de gestão de Petro e Francia, mas para ser aprovado teve que passar por uma série de negociações que diminuíram a perspectiva de arrecadação de 25 para 20 bilhões de pesos colombianos.

– Petro deve aproveitar esse momento histórico, no qual tem uma maioria consolidada no Congresso, para levar adiante o maior número de reformas possível. Essa aliança que se conquistou no Legislativo deve ter como horizonte as eleições regionais do ano que vem. A partir disso, essa aliança deve começar a se fragmentar – analisa o cientista político, Luis Fernando Trejos.

Com a maior bancada na Câmara e no Senado, a coalizão governante, Pacto Histórico, busca aprovar ainda uma reforma política e no sistema educacional. 

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo