O conjunto de recomendações do COI às federações internacionais tem como objetivo permitir que atletas de Rússia e Belarus voltem gradualmente ao cenário esportivo mundial. A instituição estabeleceu alguns requisitos.
Por Redação, com ABr - de Lausanne
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, classificou como “lamentáveis” as críticas de alguns países europeus às recomendações da entidade, feitas na última terça-feira, para que federações esportivas permitissem a volta de russos e bielorrussos às competições internacionais, como atletas neutros em modalidades individuais.
A exclusão dos atletas estava em vigor desde fevereiro do ano passado, quando ocorreu a invasão militar da Rússia na Ucrânia. Entre as nações que discordaram das medidas do COI para permitir que russos e bielorrussos voltassem a competir estão Reino Unido, Alemanha, Polônia, Ucrânia e República Tcheca, que defendem o banimento dos atletas enquanto a guerra estiver em curso.
– É lamentável ver que alguns governos não querem respeitar a maioria dentro do movimento olímpico e todas as partes interessadas, nem a autonomia do esporte – afirmou Bach em entrevista coletiva, ao final de uma reunião do comitê executivo em Lausanne (Suíça), de acordo com a agência de notícias Reuters. "É lamentável que esses governos não abordem a questão de padrões duplos. Não vimos um único comentário sobre a participação de atletas de países das outras 70 guerras e conflitos armados ao redor do mundo”, completou o dirigente.
O conjunto de recomendações do COI às federações internacionais tem como objetivo permitir que atletas de Rússia e Belarus voltem gradualmente ao cenário esportivo mundial. A instituição estabeleceu alguns requisitos para que os atletas dos dois países possam voltar a competir como neutros. Entre as condições estão a de não ter apoiado a guerra ativamente; não ser contratado de instituições militares ou agência de segurança; e se comprometer a não fazr referência aos próprios países seja por meio de hinos, ou uso de uniformes com a bandeira (cores) nos locais de competições.
Vale ressaltar que segue indefinida a participação de russos e bielorrussos na Olimpíada de Verão de Paris (2024) e nos Jogos de Inverno na Itália (2026). O COI afirmou na última terça que tomará a decisão sobre a presença deles dois eventos “em momento apropriado”.
Descontentamento russo
O presidente do Comitê Olímpico Russo, Stanislav Pozdnyakov, considerou “inaceitáveis” os critérios estabelecidos pelo COI para a volta dos atletas às disputas internacionais. O dirigente também discordou que russos devam competir como atletas neutros.
– Os parâmetros anunciados são absolutamente inaceitáveis. Isso é discriminação com base na nacionalidade, conforme observado repetidamente por especialistas internacionais em direitos humanos... – disse Pozdnyakov em entrevista coletiva na última terça, segundo à agência inglesa de notícias Reuters. "O status neutro é uma violação dos direitos humanos... Acreditamos que as condições propostas são infundadas, sem base legal e excessivas. Discordamos categoricamente da realização de procedimentos antidoping adicionais em relação aos atletas russos", concluiu o dirigente russo.