Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Ciro se retira da campanha após assegurar ‘apoio crítico’ a Haddad

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Quinta, 11 de Outubro de 2018 às 16:23, por: CdB

A decisão de viajar para Europa afasta, de uma vez por todas, a presença ativa de Ciro, que ficou na terceira posição no primeiro turno, da campanha de Haddad.

 
Por Redação - de São Paulo
  Após anunciar seu “apoio crítico” ao presidenciável Fernando Haddad (PT), o Diretório Nacional do PDT, de Ciro Gomes, aprovou a retirada do campo eleitoral, com a viagem de seu principal líder à Europa. O roteiro não foi divulgado, ainda, mas a principal razão do afastamento, a apenas duas semanas da eleição, seria para “tratamento de saúde”, segundo a assessoria do candidato derrotado. — Não é hora de só olhar nossas divergências, é hora de olhar para o Brasil. Não vamos nos omitir. Vamos votar em Haddad para derrotar o autoritarismo — disse o presidente da legenda, Carlos Lupi.

Extrema direita

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Ciro resolveu se ausentar do país, a duas semanas das eleições, "para cuidar da saúde", segundo assessores
A decisão afasta, de uma vez por todas, a presença ativa de Ciro, que ficou na terceira posição no primeiro turno, da campanha de Haddad. Lupi informou, ainda, que o pedetista não subirá em palanque. — Não faremos nenhuma reivindicação. Por isso que a gente fala que é o voto crítico. É voto sem participação em campanha. Não queremos, já está clara a nossa posição, a participação em nenhum governo se Fernando Haddad ganhar a eleição — acrescentou. Lupi defendeu, no entanto, uma "frente democrática" contra a extrema-direita, representada por Jair Bolsonaro (PSL). — Na nossa opinião, está em risco a democracia brasileira. O tipo de golpe hoje é mais sofisticado, um tipo de golpe que pode ser legitimado pelo voto popular, o que torna maior ainda o risco para a democracia brasileira — pontuou.

Direitos Humanos

Um dos fundadores da legenda, ao lado do ex-governador Leonel de Moura Brizola, o presidente da legenda lembrou a ditadura militar. — Sabemos o que foi 1964, sabemos o que foi 1968. Somos filhos e netos dos que sofreram pela ditadura. Somos um partido de cassados, oprimidos, exilados e dos mortos. Não esquecemos essa memória. Em nome da memória queremos alertar o povo brasileiro para o risco de eleger essa personalidade que hoje engana o povo brasileiro — afirmou. O voto do PDT é, nas palavras do presidente, "muito mais contra os riscos que Bolsonaro representa aos direitos humanos, a democracia, ao respeito às liberdades individuais. Nessa certeza do que ele representa. Não vamos nos omitir. Vamos votar em Haddad para derrotar o autoritarismo”.

Centro esquerda

Mas, uma vez consolidada a frente pela democracia, reunindo democratas e forças de diversos partidos em torno da candidatura de Fernando Haddad(PT) a presidente, a centro-esquerda brasileira tende a ganhar um reforço na luta contra o candidato neofascista, Jair Bolsonaro (PSL). — Pelos movimentos que temos visto, há possibilidade de isso acontecer. É um clamor, porque muitos estão dizendo que é a hora de defender a democracia. Isso é o mais estratégico agora —disse o sociólogo Cândido Grzybowski, do Ibase, ao portal de notícias Rede Brasil Atual (RBA). Além do PDT, os partidos PSB e PSOLl já decidiram pelo apoio à candidatura de Haddad. O mesmo ocorreu com as centrais sindicais. Para Grzybowski, se esse movimento avançar, são reais as possibilidade de Haddad e essas forças ganharem a eleição. — Mas tem que elaborar o discurso também e dar um salto de qualidade nessa questão — alerta.

Fanáticos

Grzybowski lembra que, de um total de 147 milhões de brasileiros aptos a votar, 30 milhões de eleitores, ou 20,32%, se abstiveram. Dos 117 milhões que votaram, cerca de 3 milhões votaram em branco e 7,2 milhões anularam o voto. No total, brancos, nulos e abstenções somaram 29% do total de eleitores do país. Na opinião do sociólogo, mobilizar esse contingente de eleitores pode ser decisivo, inclusive porque Bolsonaro não deve conseguir movimentar parcela significativa deles. Ele observa que, pela rejeição que tem, o candidato poder ter chegado próximo ao seu teto, embora ainda tenha algum espaço para crescer. — Por outro lado, as estratégias de Bolsonaro vão continuar mais fortes do que nunca nas redes sociais. E não se trata de inverter o voto desses fanáticos (apoiadores do candidato) – pois tornou-se mesmo um movimento fanático, há violência por toda parte –, mas de tentar mobilizar os quase 30% que não foram votar, que votaram nulo ou em branco. Podemos conseguir talvez 10% — afirmou.

Novas mídias

O professor destaca o papel da chamada "grande imprensa" no atual processo. — A mídia entra forjando o antipetismo, mas não promovendo Bolsonaro tão claramente. Porém, essa mídia foi tolerante com ele — aponta. Para o analista, o candidato do PSL soube usar melhor as novas mídias e redes do que qualquer outro candidato e essa é uma variável fundamental.

Collor

Hoje, há analistas e jornalistas comparando o atual processo eleitoral brasileiro com 1989, quando Fernando Collor foi ao segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva e venceu, entre outros fatores ajudado por manipulações de informações e o episódio Abílio Diniz. Em 1989, havia a questão de corrupção, e Collor se apresentou como alguém que ia combater esse mal, sendo o "caçador da Marajás". O termo foi usado por Bolsonaro nesta terça-feira. Ele prometeu "acabar com a farra dos marajás”. — Acontece que Collor não tinha essa postura de feições fascistas de Bolsonaro. Podia ser um oportunista, enquanto Bolsonaro era folclórico, mas nunca escondeu seu autoritarismo, sua visão fascista, misógina, racista, contra direitos. Collor não tinha um discurso dessa ordem — diz Grzybowski.

Volta, Ciro

A ruralista Kátia Abreu, candidata a vice-presidente na chapa do PDT, porém, apresenta uma alternativa mais radical. Ela defende a desistência de Haddad e substituição por Ciro Gomes. Segundo Abreu afirmou a jornalistas, nesta quarta-feira, ela adotará uma posição de neutralidade na disputa presidencial e pregará a desistência de Fernando Haddad, do PT. Segundo ela, o artigo 77 da Constituição Federal estabelece que em caso de desistência de um candidato, antes da realização do segundo turno, será convocado o de maior votação no primeiro turno. Neste cenário, Haddad seria substituído por Ciro, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, o que, na avaliação de Kátia, seria a única forma do campo de esquerda derrotar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
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