Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Chegada de Lula ao cenário eleitoral causa rachaduras na direita

Possível candidato ao posto de Bolsonaro, em 2022, Amoêdo enfrenta resistências em seu partido e defende um projeto eleitoral que enfrente Bolsonaro e Lula (ambos populistas, na visão dele) e promova "um resgate do Brasil”.

Terça, 16 de Março de 2021 às 13:48, por: CdB

Possível candidato ao posto de Bolsonaro, em 2022, Amoêdo enfrenta resistências em seu partido e defende um projeto eleitoral que enfrente Bolsonaro e Lula (ambos populistas, na visão dele) e promova "um resgate do Brasil”.

Por Redação - de São Paulo

Entre os principais nomes de direita que defendem o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), um dos líderes do Partido Novo e fundador do Partido Novo, João Amoêdo aponta o fracasso do atual mandatário e diz que ele será o responsável pela abertura do caminho para a volta da esquerda ao poder; principalmente agora, com a volta do ex-presidente Lula (PT) ao cenário eleitoral.

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Presidenciável em 2022, João Amoedo ainda acredita que Bolsonaro sofrerá um processo de impeachment

— Pode reforçar o retorno da esquerda que ele (Bolsonaro) tanto dizia combater, por total ineficiência e por uma visão ideológica extremada e distorcida — afirmou Amoêdo ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), em uma entrevista exclusiva publicada na edição desta terça-feira, para assinantes.

O ex-banqueiro, que votou no atual mandatário no segundo turno de 2018, hoje se arrepende de ter ajudado a conduzi-lo ao Palácio do Planalto.

— É pior do que a gente poderia imaginar — amarga, frustrado com a paralisação da agenda liberal do ministro Paulo Guedes, que está "fazendo figuração", e com o "desempenho desastroso" do governo na pandemia.

Sem equilíbrio

Possível candidato ao posto de Bolsonaro, em 2022, Amoêdo enfrenta resistências em seu partido e defende um projeto eleitoral que enfrente Bolsonaro e Lula (ambos populistas, na visão dele) e promova "um resgate do Brasil”. O direitista, no entanto, ainda acredita que Bolsonaro sofrerá um impeachment, antes de completar o mandato.

— Do ponto de vista jurídico, há o fundamento, uma série de crimes de responsabilidade. Do ponto de vista político, ainda não existe clima, mas acredito que continuará crescendo o apoio à ideia. A estrutura que se montou no Congresso, com a eleição de uma liderança apoiada pelo presidente (Arthur Lira, do PP de Alagoas), torna o processo mais difícil. Pretendo continuar insistindo nisso, mesmo que ele não venha a ser pautado, mas para que o cidadão se lembre disso na hora do voto em 2022 — adiantou.

Ainda segundo Amoêdo, será “muito difícil” enfrentar a pandemia, com Bolsonaro no governo. 

— Ele faz o contrário do que recomendam as boas práticas, faz ataques desnecessários aos gestores públicos e incentiva a população a descumprir medidas. E os resultados que estamos colhendo são reflexo da liderança dele, uma atuação que compromete vidas de brasileiros. A competência, o conhecimento, o equilíbrio, nada disso são aptidões que valem no governo Bolsonaro.

Sem visão

O que vale é a subserviência e a bajulação a um teórico mito. Basta ver o caso da médica Ludhmila Hajjar (que foi cotada para o Ministério da Saúde e recusou). Isso é muito ruim, porque o governo deixa de trazer uma pessoa que seria mais eficiente do que o ministro (Eduardo) Pazuello — respondeu à FSP.

A chegada do ex-presidente Lula à disputa eleitoral, de acordo com Amoêdo, é um elemento a mais no tabuleiro.

— Os escândalos das 'rachadinhas', de cheque na conta da esposa (Michelle Bolsonaro), uma série de fatos que não são explicados, isso tudo criou para a esquerda um discurso muito fácil. É tanta coisa errada que dá argumentos para quem estava na ponta oposta. A minha avaliação é que ele terá feito um mandato do qual a sociedade sairá mais fraca, no qual ele não terá entregue praticamente nada do ponto de vista de gestão e que pode reforçar o retorno da esquerda que ele tanto dizia combater, por total ineficiência e por uma visão ideológica extremada e distorcida — conclui.

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