Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Cercado pelo coronavírus e em queda nas pesquisas, Bolsonaro faz novo teste

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Sexta, 20 de Março de 2020 às 11:14, por: CdB

Chega, assim, a 20 o número de membros da comitiva presidencial com teste positivo para Covid-19. Outras quatro pessoas que participaram de eventos presidenciais em Miami sem fazerem parte da comitiva também estão com o vírus.

Por Redação - de Brasília O presidente Jair Bolsonaro informou, nesta sexta-feira, que outros quatro auxiliares diretos testaram positivo para o vírus Sars-CoV-2, o que eleva para 20 o número de integrantes da comitiva da Presidência, na recente viagem a Miami. Segundo Bolsonaro, confirmaram a infecção o assessor internacional Filipe Martins, o chefe do cerimonial da Presidência, Carlos Alberto França; o chefe da ajudância de ordens, Major Cid, e o diretor do Departamento de Segurança Presidencial, Coronel Suarez.
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Bolsonaro voltou a conceder entrevistas a jornalistas, à saída do Palácio da Alvorada e admite se submeter a novo teste para o vírus Sars-CoV-2
Chega, assim, a 20 o número de membros da comitiva presidencial com teste positivo para Covid-19. Outras quatro pessoas que participaram de eventos presidenciais em Miami sem fazerem parte da comitiva também estão com o vírus. Em entrevista na frente do Palácio da Alvorada, na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro confirmou que está bem de saúde e continuará indo ao Palácio do Planalto. — Eu fiz dois testes. Talvez faça mais um, porque eu tenho contato com muita gente — disse.

Impedimento

Pela primeira vez, o mandatário neofascista comentou com os repórteres, nesta manhã, os pedidos de impedimento recebidos pala Câmara dos Deputados. Dois já chegaram à Mesa Diretora, um deles do deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), um ex-aliado. — Alguns acham que tem que ter um impeachment. Impeachment para quê? Vai manter os ministros ou vai por ministros como era antigamente? Temos que superar isso aí, disputa política, me acusar de tudo que acontece. O que cabe a mim eu estou fazendo com meus ministros — desculpa-se. Bolsonaro também voltou a dizer que a situação do coronavírus é grave, mas o pânico vai piorar a situação no país. Ele reclamou das medidas tomadas por governadores, principalmente o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, seu adversário político também no campo da extrema direita. — Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas que não competem a eles, como fechar aeroportos, fechar rodovias, shoppings, feiras. Sem comércio o pessoal não tem o que comer. O remédio tem que ser proporcional, se não mata. A economia está parando, vão querer jogar a responsabilidade em mim. No meu entender estão tomando medidas exageradas — acusou.

Restrições

O presidente comentou, ainda, o fato de a portaria sobre restrição de viagens aéreas no país, editada na noite desta quinta-feira, não ter incluído os Estados Unidos e ter colocado países com a epidemia em declínio, como a China, ou com número de casos muito inferiores ao dos EUA, como Japão e Austrália. — Os EUA estão em uma situação semelhante à nossa. Não é privilegiar esse ou aquele país. Não há no meu entender esse aumento que está sendo falado por aí — diz ele. Os EUA passaram de 13 mil casos confirmados de coronavírus, de acordo com dados das autoridades de saúde norte-americanas. O Brasil tem 428 casos confirmados, apesar de ter outros 11,3 mil em investigação.

Tombo

Tais decisões, visivelmente tendenciosas, têm levado os brasileiros a rejeitar, de forma inequívoca, o governo de Bolsonaro. A realidade tem sido registrada em pesquisas de opinião, a exemplo de estudo da XP/Ipespe, que constata o tombo na popularidade do presidente. O termômetro oscilou de volta ao seu menor patamar desde o início do mandato. Segundo o levantamento, realizado entre os dias 16 e 18 março e divulgado nesta manhã, as avaliações positivas (“ótimo” ou “bom”) do atual governo atingiram a marca de 30%, o que corresponde a um recuo de 4 pontos percentuais, se comparadas a fevereiro. O novo patamar registrado remonta a setembro do ano passado. As avaliações negativas (“ruim” ou “péssimo”) ficaram em 36%, mesma marca do levantamento anterior e 5 pontos percentuais abaixo do pico de setembro. Enquanto o grupo dos que avaliam a atual administração como regular oscilou de forma ascendente, para 31%.

PIB fraco

O comportamento errático de Jair Bolsonaro durante a crise do coronavírus e o baixo desempenho econômico do governo também foram constatados em estudo da consultoria Atlas Político. Em fevereiro, o estudo apontava que o presidente estaria reeleito em qualquer cenário da disputa. Agora, mostra que esta situação está mais distante. De acordo com os dados, 64% dos entrevistados reprovam a forma como Bolsonaro lidou com a chegada da Covid-19. Se há um mês 50,5% das pessoas tinham a expectativa de que a situação econômica do país melhoraria, agora, com a divulgação de um PIB fraco no período, 49,7% acreditam que ela vai piorar. O número dos que apoiam uma deposição do presidente chega a 44,8%. A pesquisa entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 16 e 18 de março, por meio de questionários randômicos respondidos pela Internet e calibrados por um algorítimo. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
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