A suspeita sobre o leilão situa-se no preço. A indústria de combustíveis foi vendida por cerca da metade do valor que a própria companhia havia definido, em edital. Sob a vigilância do Tribunal da Contas da União (TCU), Castello Branco deverá ser ouvido em audiência pública, ainda sem data definida.
Por Redação - de Brasília
Com os dias contados para deixar a Presidência da Petrobras, em meio à suspeita por ações duvidosas nas esferas administrativa e jurídica à frente da estatal, o economista Roberto Castello Branco foi chamado, nesta sexta-feira, a depor na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara. O motivo do convite são as condições em que ocorreu a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), no recôncavo baiano.
A suspeita sobre o leilão situa-se no preço. A indústria de combustíveis foi vendida por cerca da metade do valor que a própria companhia havia definido, em edital. Sob a vigilância do Tribunal da Contas da União (TCU), Castello Branco deverá ser ouvido em audiência pública, ainda sem data definida, depois de aprovada a proposta do deputado Jorge Solla (PT-BA).
O convite foi estendido a Deyvid Bacelar, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e a representantes do TCU, da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) e da Associação Nacional dos Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro). Por se tratar de convite, e não uma convocação, Castello Branco não é obrigado a comparecer, embora uma recusa possa levar a medidas mais duras, por parte da Comissão.
Coisa errada
A venda da Refinaria Landulpho Alves para o fundo de investimento Mubadala foi confirmada no fim do mês passado por um preço vil, na ordem de US$ 1,65 bilhão, quando a própria Petrobras havia definido o valor mínimo de US$ 3,04 bilhões, quase o dobro do que foi arrecadado.
— Até a turma da XP Investimentos, que quer privatizar tudo, viu que tem coisa errada aí. O presidente da Petrobras foi questionado sobre essa venda pelos engenheiros e funcionários da Petrobras, e sua carta com esclarecimentos deixou mais dúvidas do que resposta. Metade do valor é um deságio que não faz absoluto sentido — disse Solla, a jornalistas.
Ainda segundo o parlamentar, a venda de ativos na área do petróleo pode ser lesiva aos interesses nacionais.
— Sempre fomos contra essa venda por concepção, por entender que nossas refinarias garantem nossa soberania energética nacional. Vendê-las é render o país a essa política de preços estúpida, em que conseguimos extrair e refinar petróleo muito barato. Mas na bomba o consumidor paga o mesmo preço que se paga em Nova York ou em Londres, em dólar, quando nossa renda é em real. Isso quebra qualquer país — concluiu Solla.