A abstenção, historicamente, é maior entre pessoas de menor renda e escolaridade, pelos custos e pelas dificuldades que elas muitas vezes têm de ir ao local de votação. E é justamente nesses segmentos do eleitorado que Lula tem o seu maior percentual de intenção de votos.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta evitar que uma nova alta abstenção do eleitorado marque o segundo turno das eleições, no próximo dia 30. Dirigentes partidários e o setor jurídico da legenda têm um encontro marcado, nesta quinta-feira, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de discutir medidas capazes de reduzir o índice de ausência nas urnas.
A abstenção, historicamente, é maior entre pessoas de menor renda e escolaridade, pelos custos e pelas dificuldades que elas muitas vezes têm de ir ao local de votação. E é justamente nesses segmentos do eleitorado que Lula tem o seu maior percentual de intenção de votos. Em uma eleição muito disputada, a perda de votos por causa da abstenção preocupa o candidato.
Foram convidados para o encontro com Moraes o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integram a coordenação da campanha de Lula.
— Nós achamos que o TSE pode dar uma declaração enfática, por exemplo, sobre a necessidade de o eleitor comparecer às urnas, e sobre a possibilidade de, no segundo turno, as filas serem menores do que as que vimos na primeira rodada — afirmou Medeiros.
Cadastro
Segundo o dirigente do PSOL, a campanha recebeu "muitos relatos de gente que desistiu de votar porque a fila estava gigantesca”. No domingo, dia da eleição, o TSE exigiu que eleitores fornecessem suas digitais na hora de votar.
Foi uma surpresa, já que nada havia sido avisado anteriormente. O tribunal explicou posteriormente que firmou parcerias com órgãos que forneceram informações biométricas dos eleitores –que precisavam colocar as digitais no leitor para confirmar o dado.
A ideia, diz o TSE, era acelerar o cadastro das eleitoras e dos eleitores. O procedimento, no entanto, não funcionou direito em muitas seções. As pessoas tinham que fazer até quatro tentativas para confirmar as digitais –e as filas se formaram.
Pressão ilegal
O TSE, no entanto, deve manter o sistema no segundo turno. E acredita que as filas vão diminuir, já que, desta vez, as pessoas precisam teclar nas urnas apenas o número de seus candidatos a governador, em estados em que o pleito não foi encerrado na primeira rodada, e a presidente da República.
A campanha de Lula também vai pedir a Alexandre de Moraes que redobre a atenção sobre denúncias de empregadores que estão pressionando seus funcionários para votarem em Jair Bolsonaro (PL).
— Há denúncias, muitas delas formalizadas, de patrões coagindo seus empregados. É um negócio absurdo, que precisa ser reprimido — concluiu.