A escolha do material, ainda segundo o jornalista, foi de responsabilidade do vereador Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. A peça de propaganda contra o isolamento social estimula que as pessoas saiam às ruas e voltem ao trabalho, na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde, das determinações dos governadores estaduais para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
A campanha do governo Jair Bolsonaro em defesa do isolamento vertical, que traz o slogan “O Brasil não pode parar”, idêntica àquela realizada pela prefeitura de Milão, na Itália, considerada um erro grave, do ponto de vista humanitário, custará R$ 4,8 milhões aos cofres públicos. Elaborada pela agência IComunicação, a peça publicitária foi classificada como emergencial e, assim, realizada sem licitação pública.
A escolha do material, ainda segundo o jornalista, foi de responsabilidade do vereador Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. A peça de propaganda contra o isolamento social estimula que as pessoas saiam às ruas e voltem ao trabalho, na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde, das determinações dos governadores estaduais para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e até do papa Francisco, líder da Igreja Católica.
Embora a peça não esteja completamente finalizada, o material já chegou à milícia digital ligada ao bolsonarismo e à extrema direita, que a colocaram em circulação nos grupos de WhatsApp ligadas ao mandatário neofascista. O material está exposto, também, na página da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), cujo diretor encontra-se internado, por conta da Covid-19.
Ação na Justiça
A iniciativa, porém, não passará incólume. O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo a suspensão imediata da campanha publicitária “O Brasil não pode parar”.
A representação pede que seja suspenso imediatamente a divulgação pelas redes sociais, bem como quaisquer peças publicitárias com a hashtag #obrasilnaopodeparar em qualquer meio de comunicação da SECOM e outros órgãos do Executivo Federal, inclusive nos canais pessoais dos representados e familiares, como Facebook, Twitter, Whatsapp.
Padilha também espera do Tribunal que determine que qualquer mensagem, vídeo e material publicitário oficial do Governo Federal ou mesmo das contas pessoais dos Representados e seus familiares, devem obedecer ao quanto determinado pela Organização Mundial de Saúde, os protocolos internacionais de enfrentamento da pandemia da COVID-19 e do Ministério da Saúde.
Reação popular
Para a cineasta Petra Costa, que dirigiu o documentário sobre o golpe contra a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) "Democracia em Vertigem", indicado ao Oscar 2020, trata-se de uma iniciativa “perversa” do governo Bolsonaro. Ela criticou a iniciativa do governo, que divulgou um vídeo com peça publicitária para estimular as pessoas a saírem de casa.
"Essa é a peça publicitária mais perversa que eu já vi! Enquanto líderes de todos países pedem ou obrigam a população a ficar em casa, como recomenda a OMS, o governo Bolsonaro faz um vídeo oficial incitando a população a sair, trabalhar e morrer. Precisamos reagir", resumiu, no Twitter.