Noiva de Julian Assange, a britânica Stella Moris juntou-se a centenas de pessoas que marcharam da sede da emissora britânica BBC, no centro de Londres, Reino Unido, neste domingo, para os Tribunais Reais de Justiça, onde o tribunal superior ouvirá na próxima semana um recurso interposto pelo Departamento de Justiça dos EUA.
Por Redação, com BdF - de Londres
A possibilidade de o Reino Unido extraditar Julian Assange, denunciante do WikiLeaks, é "completamente incompreensível" depois das revelações feitas pelo portal Yahoo News, afirmou sua noiva, Stella Moris.
Seria "completamente incompreensível" se Reino Unido concordasse em extraditar Julian Assange, fundador do WikiLeaks, para os EUA, após revelações de que a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) do país conspirou para raptar e assassinar o denunciante em 2017 enquanto ele estava escondido na embaixada do Equador em Londres, disse Stella Moris.
— Desde a revelação de que a CIA conspirou para matar Julian dentro da embaixada, seria completamente incompreensível que o Reino Unido alguma vez concordasse com uma extradição — disse ela.
Revelações
Moris juntou-se a centenas de pessoas que marcharam da sede da emissora britânica BBC, no centro de Londres, Reino Unido, neste domingo, para os Tribunais Reais de Justiça, onde o tribunal superior ouvirá na próxima semana um recurso interposto pelo Departamento de Justiça dos EUA contra uma decisão anterior de uma juíza distrital do Reino Unido de não extraditar Assange por motivos de saúde.
Kristinn Hrafnsson, editor do WikiLeaks, que caminhou ao lado de Moris e vários legisladores trabalhistas britânicos na frente da marcha segurando uma faixa que dizia Não Extraditem Assange, também esperava que as revelações feitas no mês passado pelo portal Yahoo News ajudassem os juízes do Supremo Tribunal a descartar a extradição.
— Espero que o tribunal chegue à decisão correta e mantenha a decisão do tribunal magistrado de que ele não deve ser extraditado. Essa é a única decisão viável porque, se não, teria um impacto devastador sobre o futuro do jornalismo — apontou Hrafnsson.
Suicídio
Assange foi preso em Londres em 11 de abril de 2019, e condenado a 50 semanas de prisão por evitar fiança em 2012, quando se refugiou dentro da embaixada do Equador na capital britânica para evitar a extradição para a Suécia, onde enfrentava acusações de agressão sexual que mais tarde foram retiradas por um tribunal sueco.
O denunciante é procurado pelos EUA sob acusações de espionagem depois que o WikiLeaks publicou milhares de documentos classificados que lançaram luz sobre crimes de guerra cometidos pelas tropas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão. Ele enfrenta até 175 anos em prisão solitária dentro de uma prisão norte-americana de segurança máxima se for condenado nos EUA.
Em janeiro, Vanessa Baraitser, juíza distrital britânica decidiu contra a extradição de Assange para os EUA, citando razões de saúde e o risco de suicídio no sistema prisional desse país. No entanto, ela decidiu que o fundador do WikiLeaks deveria esperar na prisão pelo resultado de uma audiência de apelação nos EUA.