Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Brasileiros defendem tratamento de facções como grupos terroristas, aponta Ibresp

Pesquisa revela que 72,8% dos brasileiros defendem a equiparação de facções como PCC e CV a grupos terroristas. Entenda os detalhes e reações.

Quarta, 12 de Novembro de 2025 às 11:13, por: CdB

Levantamento revela apoio majoritário à equiparação de PCC e CV ao terrorismo, com resistência maior entre eleitores de Lula e mulheres.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Uma pesquisa nacional do Instituto de Planejamento Estratégico (Ibespe), divulgado pela colunista Andreza Matais, do portal Metrópoles, mostra que 72,8% dos brasileiros acreditam que facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) deveriam ser enquadradas como grupos terroristas. Apenas 18,8% discordam da proposta, enquanto 8,4% não souberam ou preferiram não responder.

Brasileiros defendem tratamento de facções como grupos terroristas, aponta Ibresp | Levantamento mostra maioria favorável a classificar facções como terroristas
Levantamento mostra maioria favorável a classificar facções como terroristas

O levantamento foi realizado entre os dias 3 e 10 de novembro e ouviu 1.010 pessoas por telefone em todo o país. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais, com grau de confiança de 95%. O estudo é coordenado pelo cientista político Marcelo Di Giuseppe e tem amostra calculada para refletir o perfil do eleitorado nacional.

Sul e Centro-Oeste lideram apoio à proposta

A pesquisa indica que o apoio à equiparação das facções ao terrorismo é mais alto nas regiões Sul (75,4%) e Centro-Oeste (80,6%). O menor índice aparece no Norte, onde 64,8% defendem a medida. O perfil mais favorável à proposta é masculino (78,7%) e se concentra na faixa etária de 35 a 44 anos (76,8%). Entre mulheres, o percentual cai para 67,5%.

O recorte religioso também mostra diferença significativa: 79,6% dos evangélicos apoiam a medida, contra índices menores em outros grupos. A pesquisa aponta ainda que 85,9% dos eleitores de Jair Bolsonaro em 2022 defendem a classificação das facções como terroristas, enquanto entre os que votaram em Luiz Inácio Lula da Silva a taxa é de 59,6%.

Declaração de Lula sobre traficantes divide opiniões

O Ibespe também avaliou a repercussão das declarações de Lula sobre usuários e traficantes, feitas em Jacarta, na Indonésia, no fim de outubro. Para a maioria dos entrevistados, o presidente se equivocou.

Questionados se Lula realmente acredita que traficantes sejam vítimas dos usuários, 38,3% responderam que sim, enquanto 43,6% consideram que ele apenas “se confundiu”.

Debate no Congresso sobre equiparação ao terrorismo

A discussão sobre o enquadramento das facções criminosas como organizações terroristas ganhou força no Congresso Nacional nas últimas semanas. O governo enviou ao Legislativo o projeto de lei antifacção, sob relatoria do deputado federal e secretário de Segurança licenciado de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP).

A versão inicial do relatório alterava a Lei Antiterrorismo (Lei nº 13.260/2016) para aplicar as mesmas penas previstas para terroristas aos membros de facções criminosas. No entanto, Derrite recuou e decidiu retirar esse trecho do texto após resistência dentro e fora do governo.

Paralelamente, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara adiou a votação de outro projeto, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), que também propunha equiparar as facções ao terrorismo. A proposta não tem previsão de retorno à pauta.

Governo teme efeitos internacionais

O Palácio do Planalto se opõe à ideia de classificar facções como grupos terroristas. Integrantes do governo afirmam que a medida poderia criar brechas para interferências estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), chegou a pedir oficialmente ao governo estadunidense que incluísse o Comando Vermelho na lista de organizações terroristas internacionais.

Em entrevista à Agência Pública, o secretário nacional de Segurança do Ministério da Justiça, Mário Sarrubo, criticou essa possibilidade. “Uma tal classificação abre precedentes perigosos”, disse. Segundo ele, esse tipo de medida “dá margem para que aconteça o que tem acontecido em outros países da América Latina”, referindo-se aos ataques recentes da Marinha dos EUA contra supostos narcotraficantes venezuelanos no Caribe.

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