Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Bolsonaro usa cerimônia de posse em Itaipu para elogiar a ditadura

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Terça, 22 de Fevereiro de 2022 às 12:52, por: CdB

Bolsonaro também citou no discurso a empreiteira Andrade Gutierrez, que participou da construção de Itaipu. O presidente não mencionou a Operação Lava Jato, mas disse que espera que as "grandes" empreiteiras brasileiras "brevemente" estejam recuperadas.

Por Redação, com agências de notícias - de Itaipu, PR
Na cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aplaudiu as obras do período da ditadura militar (1964-1985) e disse que “a história não pode ser mudada”. Em referência ao ministro da Agricultura entre 1974 e 1979, Alysson Paolinelli, Bolsonaro disse que o agronegócio brasileiro deve muito a ele, “descoberto por nada mais, nada menos que nosso prezado Ernesto Geisel”.
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Ernesto Geisel, segundo relatório da CIA, mandou matar prisioneiros políticos
— Por vezes a gente pensa o que seria do Brasil sem as obras dos anos 70. Aqui, Itaipu Binacional. Volvendo meus olhos para a pequena grande mulher Tereza Cristina, Alysson Paolinelli. Também os anos 70 geraram grandes personalidades. O nosso agronegócio hoje em dia é algo fantástico graças a esse homem que foi descoberto por nada mais, nada menos que nosso prezado Ernesto Geisel. E Itaipu, Emílio Garrastazu Médici, juntamente com Alfredo Stroessner — elogiou. Stroessner foi um militar que governou o Paraguai entre 1954 e 1989 e cuja ditadura é acusada de violações aos direitos humanos. Da mesma forma que Médici, que ordenou o massacre de civis na guerrilha do Araguaia. No mesmo discurso, Bolsonaro elogiou outro ex-ditador do Brasil, o general Ernesto Geisel, que sucedeu Médici na Presidência da República.

Ditadores

O general Médici governou o Brasil entre 1969 e 1974, considerado um dos períodos mais duros da ditadura no país, com registros de torturas, desaparecimentos e mortes de opositores da ditadura. Já Stroessner governou o Paraguai entre 1954 e 1989. Ele morreu exilado em Brasília, aos 93 anos, em 2006. Em 1992, cerca de 700 mil documentos das forças de segurança do Paraguai foram tornados públicos. Os documentos mostravam que o regime de Stroessner rotineiramente perseguia, sequestrava e torturava. O ditador foi acusado de mandar matar 423 opositores do regime ditatorial e torturar quase 19 mil pessoas. Também foi acusado de casos de pedofilia, durante os 35 anos que ficou no poder.

Propina

Bolsonaro também citou no discurso a empreiteira Andrade Gutierrez, que participou da construção de Itaipu. O presidente não mencionou a Operação Lava Jato, mas disse que espera que as "grandes" empreiteiras brasileiras "brevemente" estejam recuperadas. — E esse consórcio (de Itaipu) no passado, ele foi liderado pela nossa Andrade Gutierrez. Empresas fantásticas, que a gente espera que brevemente todas as nossas grandes empreiteiras estejam recuperadas e trabalhando pelo nosso Brasil — acrescentou. A Andrade Gutierrez foi uma das empreiteiras cujos executivos firmaram acordo de delação premiada na Lava Jato após desvios bilionários na Petrobras. A operação revelou que empresas pagavam propina a políticos em troca de contratos de obras financiadas com recursos públicos.
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