Um grupo de empresários paulistas, simpáticos ao ex-presidente, teria montado um plano inicial de custeio à estadia dele no país, para onde ele viajou no dia 30 de dezembro, visando evitar participar da transmissão da faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por Redação, com agências internacionais - de Orlando (FL-EUA)
Os advogados do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) tentam, com poucas chances de sucesso, uma extensão do visto de permanência inicialmente de apenas 90 dias do visitante neofascista e de sua família, nos Estados Unidos, onde já constam pedidos de parlamentares democratas para sua imediata expulsão do país. Bolsonaro quer permanecer por mais tempo em solo norte-americano por temer o cerco legal que se forma devido à incitação ao golpismo que desaguou nos atos terroristas contra as sedes dos Três Poderes, no dia 8.
Um grupo de empresários paulistas, simpáticos ao ex-presidente, teria montado um plano inicial de custeio à estadia dele no país, para onde ele viajou no dia 30 de dezembro, visando evitar participar da transmissão da faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 1º de janeiro. Foram acertadas com empresários norte-americanos seis palestras sobre política, cada uma pagando US$ 10 mil (quase R$ 50 mil no câmbio atual). Bolsonaro, segundo um dos articuladores do plano, teria se comprometido a proferir ao menos uma delas.
A autorização que Bolsonaro dispõe para continuar nos EUA, porém, não prevê qualquer atividade econômica, enquanto a questão central, segundo aliados do ex-mandatário, é financeira. Há uma zona cinzenta acerca da presença de Bolsonaro numa mansão pertencente ao lutador de MMA José Aldo em Kissimmee, região de Orlando, na Flórida, que lhe custaria o aluguel diário de US$ 5 mil (cerca de R$ 25 mil). Estariam hospedados, no imóvel, além da mulher, Michelle; o filho Carlos (conhecido como ’02’) e cinco funcionários.
Outra casa
Imagens captadas por fotógrafos e relatos de conhecidos, no entanto, apontam a existência de um número muito maior de pessoas que integram a comitiva do ex-mandatário, a ponto de uma segunda casa no mesmo condomínio ter sido ocupada pelo grupo, o que torna os custos de uma estadia mais prolongada proibitivos, particularmente se forem expostas as fontes de financiamento.
O PL, partido de Bolsonaro, comprometeu-se com uma remuneração equivalente ao teto do funcionalismo público brasileiro (R$ 39,3 mil agora e R$ 41,6 mil a partir de abril) para complementar a renda de Bolsonaro, mas o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, condicionou o pagamento à sua presença no país. Esse grupo aliado recomendou a Bolsonaro abrir uma conta no Banco do Brasil, em Orlando, para permitir o acesso aos fundos que permanecem no Brasil.
Essas pessoas afirmaram ainda, à reportagem do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, que há também os honorários dos advogados de defesa, que não têm a cobertura do PL. Apenas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro responde a 16 ações. Lá, Bolsonaro e seu companheiro de chapa Walter Braga Netto (PL) podem ser declarados inelegíveis.
Questão legal
Já uma acusação criminal de fomentar um golpe de Estado, ainda que acrescida com a minuta de um decreto golpista encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, não é de comprovação tão fácil, na avaliação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), embora Bolsonaro esteja na condição de investigado na ação em curso.
Pesa, contudo, a questão do status legal de Bolsonaro nos EUA. Ele viajou como chefe de Estado e seu visto, segundo o governo norte-americano, expira nessa condição no fim de janeiro. A forma mais simples de permanecer é pedir um visto de negócios ou trabalho temporário e turismo, que permite permanências de até 90 dias e realização de palestras, uma vez que a busca por uma residência permanente é mais complexa.
O problema nesse caso é que ele teria de sair e voltar aos EUA com essa periodicidade, caso quisesse se manter de forma mais ou menos indeterminada. Isso gera um problema político para o governo do democrata Joe Biden, cujo partido tem deputados pedindo a revogação da licença de Bolsonaro para permanecer nos EUA.