O mandatário neofascista aproveitou para acusar ONGs de estarem por trás das queimadas na Amazônia por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo.
Por Redação, com Reuters e Agências e Notícias - de Brasília
O presidente neofascista Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira, ao comentar críticas de que estaria interferindo politicamente em órgãos como a Polícia Federal e a Receita Federal, que foi eleito presidente para “interferir mesmo” e, caso contrário, seria um “banana”.
Em discurso em evento sobre o setor de aço em Brasília, o presidente também disse que se o Acordo de Paris sobre o clima fosse bom, os Estados Unidos não o teriam abandonado, mas afirmou que “por enquanto” o Brasil permanecerá no pacto que visa combater as mudanças climáticas.
- Olha, eu fui presidente para interferir mesmo, se é isso que eles querem - disse o presidente ao comentar críticas na imprensa de que estaria interferindo na PF e na Receita.
- Se é para ser um banana, um poste dentro da Presidência, eu estou fora, pô! - completou o presidente.
Ele disse que apenas sugeriu um nome para substituir o superintendente da PF no Rio de Janeiro, mas que não viu problema no fato de o escolhido ter sido outro, e afirmou que, embora a Receita faça um bom trabalho, tem problemas e esses problemas são resolvidos trocando pessoas.
O presidente voltou a comentar a eleição presidencial na Argentina, onde a oposição conquistou uma expressiva vitória sobre o presidente Mauricio Macri, aliado de Bolsonaro, nas primárias. Ele disse acreditar que a tendência de vitória da esquerda no país vizinho possa ser revertida e pediu que os empresários presentes trabalhem por isso.
Bolsonaro afirmou ainda que quer argentinos no Brasil como turistas, não como refugiados, e disse que se o opositor Alberto Fernández vencer a disputa presidencial na Argentina, poderá trabalhar com ele na área econômica, mas afirmou que na seara política “jamais”.
Acusações a ONGs
O mandatário neofascista também disse, nesta quarta-feira, que organizações não-governamentais podem estar por trás das queimadas na Amazônia por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo.
Ele não apresentou evidências das alegações e, indagado se tinha provas do que afirmava, disse que não existem planos escritos nesses casos.
- O crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nos tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil - disse o presidente em entrevista ao sair do Palácio da Alvorada.
Em seguida, Bolsonaro afirmou que “tudo indica” que pessoas se preparam para ir à Amazônia filmar e então “tocaram fogo” na floresta.
Questionado se tinha provas ou indícios das acusações que fazia, o presidente afirmou que isso “não tem um plano escrito” e “não é assim que se faz”.
Desde o início deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora os focos de queimadas no país, já detectou mais de 72 mil pontos, especialmente nos Estados do Mato Grosso, Pará, Rondônia e Amazonas. O número é 83% maior que no mesmo período de 2018 —um ano atípico por ter sido muito úmido— e o maior dos últimos sete anos.
PT é alvo de acusações em provas
Na última semana, o presidente brasileiro acusou os médicos cubanos que estavam no Brasil dentro do programa Mais Médicos de terem sido enviados, a pedido do PT para criarem “células terroristas” no país, mas disse que não precisa apresentar provas da sua acusação.
– O PT botou no Brasil cerca de 10 mil fantasiados de médicos aqui dentro, em locais pobres para fazer células de guerrilhas e doutrinação. Tanto é que quando eu cheguei eles foram embora porque eu ia pegá-los – acusou Bolsonaro.
O presidente voltou às acusações contra Cuba e o PT —partido que estava no governo quando o Mais Médicos foi criado—, ao ser questionado sobre propostas para resolver problemas sociais do Brasil, depois de reclamar de reportagens que mostravam a situação difícil que vive a família da primeira-dama, Michele, em uma cidade-satélite de Brasília.
Ao ser perguntado diretamente sobre provas das acusações que faz aos médicos cubanos, Bolsonaro evitou responder.
– Precisa ter prova disso daí? Tu acha que está escrito isso aí em algum lugar? – disse.