Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Bolsonaro parece ter medo do fantasma de Adriano, sugere governador da Bahia

Tamanho empenho no caso do miliciano morto, no entanto, já aborrece até os aliados mais próximos do Planalto. Ao assumir sua proximidade com o criminoso, Bolsonaro se coloca como protagonista de uma organização que praticava a “rachadinha" em gabinetes parlamentares do Estado do Rio de Janeiro e está envolvida em dezenas de assassinatos.

Quarta, 19 de Fevereiro de 2020 às 11:44, por: CdB

Tamanho empenho no caso do miliciano morto, no entanto, já aborrece até os aliados mais próximos do Planalto. Ao assumir sua proximidade com o criminoso, Bolsonaro se coloca como protagonista de uma organização que praticava a “rachadinha" em gabinetes parlamentares do Estado do Rio de Janeiro e está envolvida em dezenas de assassinatos.

 
Por Redação - de Salvador e Brasília
  O governador da Bahia, Rui Costa, ao se manifestar nesta quarta-feira sobre a morte do chefe do ‘Escritório do Crime’, Adriano da Nóbrega, disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece ter medo do desfecho das investigações. O fantasma do capitão da milícia parece assombrar a família do mandatário neofascista. — Talvez seja um problema tão grave, que ele deve acordar, almoçar, jantar e dormir pensando 24 horas nisso. É como se ele tivesse com receio de alguma coisa ser descoberta — afirmou o governador petista.
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Rui Costa destaca a preocupação da família Bolsonaro com os rumos das investigações sobre a milícia, no Estado do Rio
O governante baiano também falou sobre os aparelhos celulares apreendidos com Adriano da Nóbrega. — O material foi todo enviado ao Rio de Janeiro, usando os meios legais, e quem irá apurar isso é o Ministério Público do Rio — acrescentou, em conversa com jornalistas.

Holofote

Tamanho empenho no caso do miliciano morto, no entanto, já aborrece até os aliados mais próximos do Planalto. Ao assumir sua intimidade com o criminoso, a quem honrou com a Medalha Tiradentes enquanto ele estava preso, sob suspeita de um crime grave, Bolsonaro se coloca como protagonista de uma organização que praticava a “rachadinha" em gabinetes parlamentares do Estado do Rio de Janeiro e está envolvida em dezenas de assassinatos, entre eles o vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). No Parlamento, mesmo na suposta base de apoio ao governo, um parlamentar de alto calão comentou com jornalistas, nesta manhã, que "é preciso esclarecer as circunstâncias da morte do Adriano. — Mas o presidente da República, priorizando esse caso, joga um holofote excessivo — acrescentou.

Algemas

O destaque de Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), seu filho mais velho, à morte do miliciano revela a preocupação do clã com uma investigação que poderá complicar, ainda mais, a presença de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Do outro lado, na oposição, o tom é semelhante. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) usou suas redes sociais, no início desta tarde, para expor os esquemas escusos do clã Bolsonaro e como a família opera para se esquivar das investigações. “Os ‘Bolsonaros’ sabem que o impeachment é somente a porta de saída. A perda da proteção institucional levará a famíglia as tribunais e a chance de acabarem sua trajetória na cadeia é enorme. O pavor das algemas e das revelações do submundo de onde vieram os tornam perigosos”, escreveu Pimenta.

Rotina

O líder petista também aponta a razão do clã defender figuras como Fabricio Queiroz e o miliciano morto Adriano da Nobrega. “O núcleo familiar/miliciano não percebe que as ameaças e a virulência são reveladora do envolvimento do clã nos esquemas criminosos. Defender Adriano, Queiroz e as Fake News tornou-se decisivo para evitar mais traições e potenciais delatores que surgirão mais dia menos dia”, acrescenta. “É perceptível que quanto mais acuado mais violento e agressivo o núcleo familiar do ‘esquema Bolsonaro reage’. Três temas desestabilizam a ‘famiglia’: Queiroz, Capitão Adriano e Rede de Fake News. Como se investigações avançam nestas três frentes as agressões se tornaram rotina”, conclui o deputado.
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