Quarta, 19 de Fevereiro de 2020 às 11:44, por: CdB
Tamanho empenho no caso do miliciano morto, no entanto, já aborrece até os aliados mais próximos do Planalto. Ao assumir sua proximidade com o criminoso, Bolsonaro se coloca como protagonista de uma organização que praticava a “rachadinha" em gabinetes parlamentares do Estado do Rio de Janeiro e está envolvida em dezenas de assassinatos.
Por Redação - de Salvador e Brasília
O governador da Bahia, Rui Costa, ao se manifestar nesta quarta-feira sobre a morte do chefe do ‘Escritório do Crime’, Adriano da Nóbrega, disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece ter medo do desfecho das investigações. O fantasma do capitão da milícia parece assombrar a família do mandatário neofascista.
— Talvez seja um problema tão grave, que ele deve acordar, almoçar, jantar e dormir pensando 24 horas nisso. É como se ele tivesse com receio de alguma coisa ser descoberta — afirmou o governador petista.
O governante baiano também falou sobre os aparelhos celulares apreendidos com Adriano da Nóbrega.
— O material foi todo enviado ao Rio de Janeiro, usando os meios legais, e quem irá apurar isso é o Ministério Público do Rio — acrescentou, em conversa com jornalistas.
Holofote
Tamanho empenho no caso do miliciano morto, no entanto, já aborrece até os aliados mais próximos do Planalto. Ao assumir sua intimidade com o criminoso, a quem honrou com a Medalha Tiradentes enquanto ele estava preso, sob suspeita de um crime grave, Bolsonaro se coloca como protagonista de uma organização que praticava a “rachadinha" em gabinetes parlamentares do Estado do Rio de Janeiro e está envolvida em dezenas de assassinatos, entre eles o vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
No Parlamento, mesmo na suposta base de apoio ao governo, um parlamentar de alto calão comentou com jornalistas, nesta manhã, que "é preciso esclarecer as circunstâncias da morte do Adriano.
— Mas o presidente da República, priorizando esse caso, joga um holofote excessivo — acrescentou.
Algemas
O destaque de Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), seu filho mais velho, à morte do miliciano revela a preocupação do clã com uma investigação que poderá complicar, ainda mais, a presença de Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Do outro lado, na oposição, o tom é semelhante. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) usou suas redes sociais, no início desta tarde, para expor os esquemas escusos do clã Bolsonaro e como a família opera para se esquivar das investigações.
“Os ‘Bolsonaros’ sabem que o impeachment é somente a porta de saída. A perda da proteção institucional levará a famíglia as tribunais e a chance de acabarem sua trajetória na cadeia é enorme. O pavor das algemas e das revelações do submundo de onde vieram os tornam perigosos”, escreveu Pimenta.
Rotina
O líder petista também aponta a razão do clã defender figuras como Fabricio Queiroz e o miliciano morto Adriano da Nobrega.
“O núcleo familiar/miliciano não percebe que as ameaças e a virulência são reveladora do envolvimento do clã nos esquemas criminosos. Defender Adriano, Queiroz e as Fake News tornou-se decisivo para evitar mais traições e potenciais delatores que surgirão mais dia menos dia”, acrescenta.
“É perceptível que quanto mais acuado mais violento e agressivo o núcleo familiar do ‘esquema Bolsonaro reage’. Três temas desestabilizam a ‘famiglia’: Queiroz, Capitão Adriano e Rede de Fake News. Como se investigações avançam nestas três frentes as agressões se tornaram rotina”, conclui o deputado.