Bolsonaro afirmou que o Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional.
Por Redação, com agências internacionais - de Davos, Suíça
Presidente da República, o capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL) deixou uma impressão dúbia ao participantes do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, ao usar apenas seis minutos de seu pronunciamento, anteriormente previsto para 30 minutos. Rapidamente, ele disse que seu governo pretende trabalhar pela estabilidade macroeconômica, respeitando contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.
Bolsonaro afirmou que o Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e que mudar essa condição é um dos maiores compromissos de seu governo. O presidente brasileiro tem evitado a imprensa, após as repercussões quanto ao possível envolvimento de seu primogênito, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), com a milícia, entre outros crimes.
O presidente acrescentou, ainda, que vai buscar integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para eliminar “práticas desleais de comércio” e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.
Esquerda
O ex-militar disse, ainda, que confia no respaldo do Congresso para seu governo e que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, é a principal pessoa no governo no combate à corrupção. Em uma rápida sessão de perguntas e respostas no fórum na cidade suíça, o presidente disse que Moro terá todos os meios para seguir o dinheiro e o crime nesse combate.
Bolsonaro defendeu que o meio ambiente precisa ser casado com o desenvolvimento e ressaltou que o Brasil dá exemplo ao mundo nessa área.
Ele afirmou ainda que não busca fazer só o Brasil grande, mas espera o mesmo para toda a América do Sul, prevendo que a esquerda não prevalecerá na região.
O resultado de sua apresentação foi resumido na mensagem do correspondente Jamil Chede, do diário conservador paulistano Jamil Chade: “3,5 mil participantes e 70 chefes de Estado e governo. Mas Bolsonaro almoçando sozinho em Davos”, escreveu Chade na legenda de uma foto de JB num restaurante.
Mas não foi o único a reparar na figura peculiar de Bolsonaro: “Ele me dá medo”, disse o economista Robert Shiller, vencedor do Prêmio Nobel em 2013, ao sair da sessão plenária em que o presidente Jair Bolsonaro apresentou as ideias do novo governo brasileiro em Davos. “O Brasil é um grande país e merece alguém melhor”, afirmou.
Leia, adiante, o discurso de Bolsonaro:
"Boa tarde a todos!
Muito obrigado, professor Schwab!
Agradeço, antes de mais nada, o convite para participar deste fórum e a oportunidade de falar a um público tão distinto.
Agradeço também a honra de me dirigir aos senhores já na abertura desta sessão plenária.
Esta é a primeira viagem internacional que realizo após minha eleição, prova da importância que atribuo às pautas que este fórum tem promovido e priorizado.
Credibilidade
Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo.
Nas eleições, gastando menos de 1 milhão de dólares e com 8 segundos de tempo de televisão, sendo injustamente atacado a todo tempo, conseguimos a vitória.
Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica.
Temos o compromisso de mudar nossa história.
Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção.
Superávit
Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós.
Aqui entre nós, meu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.
Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!
Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo.
Contratos
Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis.
Os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco.
Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós.
Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos.
Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.
O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo.
Valores
Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios.
Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir.
Para isso, buscaremos integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, como aquelas que são adotadas e promovidas pela OCDE.
Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.
Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia.
‘Braços abertos’
Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria.
Estamos aqui porque queremos, além de aprofundar nossos laços de amizade, aprofundar nossas relações comerciais.
Temos a maior biodiversidade do mundo e nossas riquezas minerais são abundantes. Queremos parceiros com tecnologia para que esse casamento se traduza em progresso e desenvolvimento para todos.
Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo.
Estamos de braços abertos. Quero mais que um Brasil grande, quero um mundo de paz, liberdade e democracia.
Tendo como lema "Deus acima de tudo", acredito que nossas relações trarão infindáveis progressos para todos.
Muito obrigado."