Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Bolsonaro tende a garantir uso militar da Base de Alcântara aos EUA

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Domingo, 10 de Março de 2019 às 13:25, por: CdB

A base fica situada em uma distância viável para os mísseis norte-americanos de médio alcance.

 
Por Redação - de Brasília
Não bastasse a questão das áreas restritas a serem definidas no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, em acordo a ser assinado entre os Estados Unidos e o Brasil, no encontro marcado para o próximo dia 19 entre os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, na Casa Branca; o uso militar do complexo também estará em discussão, segundo adiantou à reportagem do Correio do Brasil, neste domingo, uma fonte ligada ao tema. A base fica situada em uma distância viável para os mísseis norte-americanos de médio alcance, que chegariam ao território venezuelano, em questão de minutos. — A conversa entre Trump e Bolsonaro foi agilizada por John Bolton, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, como parte dos planos de invasão da Venezuela. Caso seja necessário o uso de força militar no processo, os EUA precisariam de um ponto de apoio com alta complexidade tecnológica, a uma distância viável do Caribe — acrescentou a fonte.
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O território venezuelano situa-se no raio de alcance dos mísseis norte-americanos a serem instalados na Base de Alcântara, no Maranhão
A presença militar norte-americana, no Brasil, embora rechaçada pelas Forças Armadas, integra o ideal de “alinhamento pleno” aos EUA, defendido por Bolsonaro ao longo de sua campanha eleitoral e em manifestações públicas após tomar posse no cargo.

Garantias

Os diplomatas do Ministério das Relações Exteriores, envolvidos no chamado Acordo de Alcântara, têm trabalhado além do expediente, na tentativa de superar os entraves que ainda restam no Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), na versão encaminhada pela Casa Branca ao governo brasileiro, em meados de fevereiro. O acordo viabiliza o uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), mas não prevê a presença militar no espaço situado em solo nacional. O impasse seria resolvido se passasse a vigorar a cláusula de impedimento ao pleno acesso das autoridades brasileiras, nas áreas restritas. Aparentemente, tais setores serviriam de garantia para que os segredos tecnológicos dos projetos norte-americanos fossem preservados. A diplomacia brasileira, no entanto, alega que tais medidas poderiam impedir o desenvolvimento do programa espacial. Assim, as áreas integralmente segregadas passariam, no novo texto, a figurar como espaços acessados, em conjunto, por Brasil e Estados Unidos.

Boa vontade

Ainda segundo o acordo, nos termos atuais, em caso de emergência, autoridades brasileiras, a exemplo da Polícia Civil ou Corpo de Bombeiros, poderiam acessá-las sem necessidade de consulta prévia aos norte-americanos. Permanece, no Congresso, porém, a visão de que a existência de segmentos do território nacional, controlados por norte-americanos, significariam um ultraje à soberania nacional. Esta foi uma das razões que levou as duas Casas Legislativas a rejeitar a primeira versão do Acordo, assinada no ano 2000. Agora, no entanto, o Itamaraty busca uma alternativa para que o documento esteja pronto para assinatura na viagem de Bolsonaro (PSL) a Washington. O chanceler Ernesto Araújo nega que haja qualquer pressão por parte dos norte-americanos para que o Brasil apoie os planos de invasão militar dos EUA à Venezuela; mas reconhece que o discurso de que "todas as opções estão sobre a mesa" fica enfraquecido quando um dos vizinhos, como o Brasil, permaneça taxativo quanto a não intervenção. Para os técnicos de ambos os países, no entanto, o AST está praticamente fechado e será anunciado pelos dois presidentes, durante o encontro. Apesar das divergências quanto ao uso das instalações, em Alcântara, Bolsonaro tende a garantir “a boa vontade” do Brasil com os planos norte-americanos para a Venezuela, conclui a fonte.
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