Em tese, o encontro seria para anunciar o lançamento do Starlink, projeto de satélites de baixo custo da SpaceX, para levar internet a 19 mil escolas de áreas rurais do país e monitorar a Amazônia. Na reunião, repleta de fotos com o homem mais rico do mundo, Bolsonaro chamou o executivo de “mito da liberdade”.
Por Redação - de São Paulo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se deslocou, às pressas, para um hotel em Porto Feliz, no interior do Estado de São Paulo, nesta sexta-feira, para encontrar o bilionário Elon Musk, que visita o país para atender interesses comerciais de suas companhias. Além de divulgar o almoço com o executivo norte-americano, aproveitou para conceder-lhe uma medalha comemorativa.
Em tese, o encontro seria para anunciar o lançamento do Starlink, projeto de satélites de baixo custo da SpaceX, para levar internet a 19 mil escolas de áreas rurais do país e monitorar a Amazônia. Na reunião, repleta de fotos com o homem mais rico do mundo, Bolsonaro chamou o executivo de “mito da liberdade”, citando a recente tentativa de aquisição do Twitter, e falou que o anúncio do negócio “para nós aqui foi como um sopro de esperança”.
— O mundo todo passa por pessoas que têm essa vontade de tirar a liberdade nossa. E a liberdade é a semente para o futuro — afirmou Bolsonaro, sob o silêncio de Musk.
Amazônia
Em estado de êxtase, Bolsonaro chegou a filosofar, na presença do convidado:
— O futuro é o presente — arriscou.
Na sequência, constatou que “cada vez mais a tecnologia ficará presente entre nós”.
— Lá atrás, a gente viu o fim da máquina de datilografia. Aqui foi anunciado o fim das auto-escolas e da carteira nacional de habilitação — exagerou o presidente.
Para o mandatário, “o mais importante da presença dele (Elon Musk), é algo que é imaterial.
— Hoje em dia, poderíamos chamá-lo de mito da liberdade. É aquilo que nos fará falta para qualquer coisa que por ventura possamos pensar para o futuro — acrescentou.
Bolsonaro, no auge da ‘tietagem’ ao empresário, também disse que Musk poderia estar “se preocupando consigo próprio, mas não, veio ao nosso país, assim como tem andado pelo mundo todo, divulgando o que ele pretende deixar para todos nós”. O presidente disse que a passagem do executivo pelo país e a breve explanação sobre o Starlink já são “uma coisa que nos marcará para sempre”.
Negócio
Ministro das Comunicações, Fábio Faria citou em sua fala que Bolsonaro entregaria uma medalha de honra a Musk por sua “preocupação com a Amazônia” e disse, em inglês, ao convidado: “todos no Brasil te amam”. A apresentação foi transmitida ao vivo pelas redes sociais do presidente.
No Twitter, Musk disse que estava “superempolgado de estar no Brasil para lançar o Starlink para 19 mil escolas sem conexão com a internet em áreas rurais e o monitoramento da Amazônia”. Em abril deste ano, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), havia dito em um tuíte que Musk teria interesse em trazer a SpaceX ao Brasil. “Vamos trabalhar para consolidar esse negócio”, escreveu.
Com a proximidade a Elon Musk, Bolsonaro tenta engajar sua base de apoiadores, principalmente defendendo a “liberdade” prometida pelo empresário com a compra do Twitter. A plataforma atualmente impõe restrições à divulgação de notícias falsas e desinformação, e o sul-africano já afirmou que, uma vez que o negócio for concretizado, irá rever essa política.
A “liberdade” de espalhar fake news é uma estratégia da campanha bolsonarista, inclusive quando o assunto é Amazônia. Ao citar que, através do Starlink de Musk, o mundo e os brasileiros verão como a região está sendo preservada, o presidente ignora as informações confiáveis, checadas e utilizadas em todo o planeta, trazidas por outros satélites (inclusive do próprio governo brasileiro), que comprovam o avanço do desmatamento da floresta.