O líder da oposição, Juan Guaidó, que recebeu o apoio de Bolsonaro, encontra-se escondido das forças policiais.
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro apoiou, nesta terça-feira, a quartelada que fracassou na Venezuela. No cenário internacional, o mandatário brasileiro volta a causar desgaste na imagem do país ao afirmar que apoiava a tentativa de um golpe armado e sustentar seu apoio à “transição democrática que se processa no país vizinho”.
O líder da oposição, Juan Guaidó, que recebeu o apoio de Bolsonaro, encontra-se escondido das forças policiais. Se não fugir do país, deverá ser preso nas próximas horas. Um grupo de 25 militares de baixa patente pediu asilo na embaixada brasileira, em Caracas.
‘Ditador’
“O Brasil acompanha com bastante atenção a situação na Venezuela e reafirma o seu apoio na transição democrática que se processa no país vizinho. O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos”, escreveu o presidente, em uma rede social.
Bolsonaro chegou a convocar uma reunião de emergência às 12h30 para tratar da situação na Venezuela. Mais cedo, também no Twitter, ele chamou Maduro de “ditador” que escraviza o povo venezuelano.
A partir daí, o recuo teve início com a declaração do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ele afirmou, a jornalistas, que o Brasil ainda não tem definição sobre a Venezuela, mas “só observa e acolhe”.
Hipóteses
Em seguida, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, foi à imprensa para dizer que o governo brasileiro não tinha clareza do tamanho do apoio militar ao autoproclamado presidente Guaidó. Heleno reconheceu a mobilização golpista era menor que parecia, inicialmente.
A partir daí, o general retornou ao discurso de que o país assegura a não intervenção nos assuntos internos da Venezuela. De acordo com Heleno, o governo vai aguardar os acontecimentos e está analisando hipóteses para o resultado da crise venezuelana.
— A posição do governo não vai se modificar. Desde o início, o governo tem adotado uma postura bastante prudente, cuidadosa, tomando a posição correta que é apoiar o presidente Guaidó e vai seguir nessa posição aguardando os acontecimentos — disse o ministro.
Sem apoio
Heleno levantou dúvidas sobre o sucesso da operação armada por Guaidó e disse não haver uma expectativa de solução no curto prazo. A avaliação do governo brasileiro é que o apoio militar a Guaidó é menor do que anunciado pelo político venezuelano ao chamar a população para tomar as ruas.
— Essa é a grande incógnita dessa situação. No início desta situação, quando se caracterizou uma antecipação do movimento que estava previsto para amanhã não se percebeu movimentação militar, mas foi anunciado pelo Guaidó um maciço apoio. Logo depois isso foi colocado na dimensão correta. Ou seja, havia algum apoio, mas não chegava a atingir os altos escalões — avaliou Heleno.
O general considera que há um apoio ao autoproclamado presidente venezuelano, mas que pode ser mais “quantitativo e não qualitativo”.
— De manhã parecia que as coisas iriam se encaminhar para uma solução, mas ao longo do tempo não se transformou em massificação do movimento — explicou Heleno.
O ministro avalia que a situação no país vizinho ainda está longe de uma solução.
Sem volta
O vice-presidente Hamilton Mourão, que também participou da reunião, confirmou que as informações que o governo brasileiro teve acesso até agora mostram uma situação confusa e é preciso aguardar uma definição do cenário.
Mourão, que já foi adido militar em Caracas, diz que os oposicionistas Guaidó e Leopoldo López foram para “o tudo ou nada.”
— Foram para uma situação que não tem mais volta, não há mais recuo. Depois disso ou eles vão ser presos ou Maduro vai embora — previu.