Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Assédio: servidores temem por segurança de autoras de denúncia contra Guimarães

Arquivado em:
Quarta, 29 de Junho de 2022 às 09:50, por: CdB

O MPF estaria instalando um procedimento de investigação a respeito dos episódios. "São fatos estarrecedores sendo divulgados", aponta o presidente da Presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). 

Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, está sendo acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público. Após se unirem e denunciarem a suposta conduta do chefe máximo da instituição às autoridades, no final do ano passado, a segurança das funcionárias é motivo de temor.
assedio.jpeg
Pedro Guimarães, Jair Bolsonaro e Flávio Bolsonaro: presidente da Caixa é próximo à família presidencial
A notícia foi publicada no final da terça-feira pelo portal de notícias Metrópoles, que divulgou as gravações com as acusações. Várias mulheres, de acordo com a reportagem, foram ao Ministério Público Federal e fizeram os mesmos relatos, que seguem em sigilo. O MPF estaria instalando um procedimento de investigação a respeito dos episódios. "São fatos estarrecedores sendo divulgados", aponta o presidente da Presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). "Pedimos que haja uma apuração rigorosa e o afastamento imediato de Pedro Guimarães por que não é possível ter uma apuração dos fatos com ele no comando", destaca, em entrevista ao Jornal Brasil Atual. Takemoto ressalta a necessidade de proteção das funcionárias que denunciaram Pedro Guimarães. "Estamos muito preocupados com a segurança das pessoas que estão envolvidas e é realmente lamentável que ocorra isso nos dias de hoje", pontua, dizendo ainda que a questão do assédio sexual já havia aparecido em consultas junto a trabalhadores do banco. "Na Fenae, fizemos recentemente uma pesquisa sobre saúde e um dos fatos que chamou atenção em nossa pesquisa, além do assédio moral, o assédio sexual também apareceu e ficamos muito preocupados com o ambiente que está sendo vivenciado na Caixa hoje. Sem dúvida há necessidade de proteção das pessoas e a Fenae, junto com outras associações, está se colocando à disposição das pessoas para que tenham acompanhamento e sejam acolhidas." O presidente da Fenae reforça que é preciso aprimorar o canal de denúncias e as políticas voltadas para coibir e punir casos de assédio sexual. "Nós já temos no nosso acordo coletivo com a Caixa o estabelecimento de um canal de denúncias, mas sabemos que é muito difícil qualquer pessoa denunciar uma chefia ou seu superior. Principalmente se tratando do cargo mais alto de uma empresa", afirma.

Luta contra o assédio na Caixa e nos demais bancos

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região afirmou, em nota, que as denúncia de terça-feira precisam ser investigadas a fundo. “É imprescindível a instauração de investigação e, se confirmadas as denúncias, que condutas abomináveis como essas não fiquem impunes. A luta contra o assédio sexual e moral faz parte de uma política permanente do Sindicato, com reivindicações que intensificam a luta, dentro dos bancos, contra o machismo e racismo institucional e assédio sexual e moral, com normas e condutas rígidas”, diz a instituição. O Comitê Popular de Luta e Defesa da Caixa também manifestou repugnância em relação aos fatos noticiados. “O Comitê se solidariza com as empregadas vítimas dessa prática inaceitável e doentia e as parabeniza pela coragem de denunciar os fatos, que seguem em investigação pelo Ministério Público”, diz comunicado divulgado há pouco pelo coletivo. “É imperativo que os órgãos de controle interno e externos da Caixa, bem como a Justiça, não se omitam e apurem os fatos com rigor, isenção e prestem proteção às empregadas envolvidas. Se confirmado, o triste episódio se soma a vários outros já conhecidos, públicos e notórios. São marcas de um governo e de uma gestão da Caixa autoritários e misóginos. E que tratam a coisa pública, inclusive o servidor público, como propriedade sua”, afirma o comitê. “Nunca, em 161 anos de existência, os empregados e a Caixa foram tão atacados e humilhados."

Bolsonarista convicto

Defensor das privatizações desde sua nomeação como presidente da Caixa, Pedro Guimarães é um auxiliar muito próximo do presidente da República, Jair Bolsonaro. Tanto que o acompanha em grandes eventos pelo país afora. Além disso, costuma falar como autoridade governamental em suas incursões em eventos públicos. A indicação para o posto partiu do ministro da Economia, Paulo Guedes, em razão da identificação com sua cartilha ultraliberal. Em uma confraternização de final de ano, chegou a constranger gerentes e lideranças da instituição a fazerem flexões comandados por um general. E ainda a darem cambalhotas acompanhados por uma ginasta profissional. Acionado por entidades sindicais, Guimarães foi notificado pelo Ministério Público do Trabalho por submeter os empregados a situações de constrangimento. Em 2018, uma revista semanal divulgara que o “forte do novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, não é o autocontrole”. Segundo a revista, o executivo chegou a machucar uma colega de Santander durante uma festa de fim de ano. “Acabou demitido.”

Daniella Marques

O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Daniella Marques, braço direito do ministro Paulo Guedes (Economia), para presidir a Caixa Econômica Federal no lugar de Pedro Guimarães.

Daniella Marques, por sua vez, é secretária especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e vinha liderando a agenda Brasil Pra Elas, focada no público feminino e também uma forma de tentar impulsionar a imagem de Bolsonaro perante esse público.

A expectativa é que Pedro seja demitido até às 15h, antes de Bolsonaro participar de debate na CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Aliados de Bolsonaro se irritaram com a resistência de Pedro a sair do cargo e passaram a manhã pressionando o presidente a demiti-lo.

O presidente da Caixa quer deixar o posto como "afastado" para que as investigações do MPF sejam conduzidas.

Integrantes da campanha de Bolsonaro, porém, defendem que ele o demita para demonstrar que rechaça o comportamento adotado pelo até então aliado de primeira hora.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo