No fim do ano passado, Wilson Lima cedeu a pressões de empresários e decidiu autorizar a reabertura do comércio não essencial – como bares, restaurantes, lanchonetes, lojas de conveniência e flutuantes – a partir do dia 28 de dezembro, revogando decretos restritivos anteriores.
Por Redação, com BdF - de Manaus
Para a ex-senadora pelo Amazonas Vanessa Grazziotin, o caos sanitário em Manaus, que comoveu o país, é igualmente responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro e do governador Wilson Lima (PSC).
— O Brasil e o mundo só começaram a prestar atenção quando colapsou e faltou oxigênio, mas desde o começo dessa nova onda falta tudo nas unidades de saúde. Em termos de responsabilidade eu colocaria o governador e Bolsonaro juntos. Eles se merecem. O governador é incapaz de cobrar o governo federal e não se preparou para enfrentar a crise — afirmou líder petista amazonense, a jornalistas.
No fim do ano passado, Wilson Lima cedeu a pressões de empresários e decidiu autorizar a reabertura do comércio não essencial – como bares, restaurantes, lanchonetes, lojas de conveniência e flutuantes – a partir do dia 28 de dezembro, revogando decretos restritivos anteriores.
Extrema-direita
Manifestações populares também exigiam que o comércio abrisse no período de festas. O governador preferiu ceder a resistir em nome do que aconselhavam especialistas de todo o país, alertando para um aumento exponencial de novos casos em janeiro caso um isolamento não fosse respeitado.
Na ocasião, o bolsonarismo comemorou o recuo de Lima. Como a deputada federal de extrema-direita Bia Kicis (PSL-DF), por exemplo.
“A pressão do povo funcionou tb em Manaus. O governador do Amazonas, @wilsonlimaAM voltou atrás em seu decreto de lockdown. Parabéns, povo amazonense, vcs fizeram valer seu poder!”, publicou a parlamentar, no Twitter.
“Embora noticiário alarmista, Manaus tem queda importante de óbitos desde julho, mostrando uma imunidade coletiva (de rebanho em formação)”, escreveu o deputado Osmar Terra (MDB-RS), em 4 de janeiro.
Bolsonarista
Como de praxe, o presidente da República não assumiu nenhuma responsabilidade e culpou o governador por não prever a falta de oxigênio para evitar o caos em Manaus. Mas o governo Bolsonaro sabia da situação crítica de esvaziamento do estoque de oxigênio nos hospitais de Manaus com pelo menos seis dias de antecedência. A capital amazonense é um reduto bolsonarista.
— Muita gente diz que a culpa não é de Bolsonaro. A gente fala de isolamento e o povo diz que ‘tem que trabalhar’. Manaus é isso. É impressionante como o negacionismo e essas ideias atrasadas avançam. Até nisso a responsabilidade é da União e do governo estadual — afirmou.
A ex-senadora pelo PCdoB lembra que o auxilio emergencial acabou e Bolsonaro, até o momento, se nega a prorrogá-lo.
— Se prorrogasse, as pessoas se resguardariam mais e toda a coletividade se beneficiaria. Acho que a queda de popularidade de Bolsonaro se deve ao fim da ajuda emergencial — acrescentou.
Mal na foto
Segundo pesquisa XP/Ipespe, a avaliação negativa – ruim e péssimo – de Bolsonaro subiu de 35% para 40%, na comparação com o levantamento anterior, de 20 de dezembro, enquanto o percentual de entrevistados que o consideram ótimo e bom caiu de 38% para 32%. Mas há uma questão importante, para ela.
— Eles (bolsonaristas) têm uma comunicação muito forte, é impressionante como respondem nas redes. Têm um nível de comunicação que estamos longe de alcançar. Se ele ampliar o auxilio emergencial, volta ao patamar de aprovação anterior. Senão, não — acrescentou.
Vanessa afirma que a situação de caos em Manaus foi relativamente contornada devido a muita ajuda da sociedade. “Está se conseguindo manter o oxigênio, mas tem sempre o risco iminente de a demanda aumentar um pouco e voltar tudo aquilo de novo. Com o nível de contaminação que, ao que tudo indica, tem lá, a gente vai viver mais umas duas semanas com problemas graves.”
Impeachment
Ela afirma que, pessoalmente, “gostaria muito” de que fosse desencadeado um processo de impeachment mas, “com o Congresso de hoje, e sem um fato muito relevante, não temos apoio para isso. O nível de apoiamento ainda é alto na população. E Bolsonaro agora está distribuindo cargos com a eleição na Câmara”.
Bolsonaro contaria com 500 cargos disponíveis aos apoiadores de Arthur Lira (PP-AL) para presidir a Casa, segundo nota publicada na mídia conservadora. O candidato do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que conta com o apoio dos partidos de centro-esquerda.