O pornô-ator Alexandre Frota, eleito deputado federal pelo “consciente” eleitor de São Paulo, acaba de sofrer mais uma derrota na Justiça Federal.
Por Altamiro Borges - de São Paulo
Na terça-feira, a juíza Adriana Freisleben de Zanetti condenou o provocador a dois anos e 26 dias de prisão por injúria e difamação contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). A pena poderá ser substituída por prestação de serviços. O ator-pornô terá de picotar e destruir papéis, por cinco horas diárias, no fórum mais próximo à sua residência. Alexandre Frota também deverá comparecer aos sábados e domingos a uma Casa de Albergado (instituição prisional destinada aos presos que cumprem regime aberto). A pena prevê ainda o pagamento de 620 dias-multa de meio salário mínimo (cerca de R$ 300 mil).
Tudo indica que o novato parlamentar do PSL não cumprirá a pena. Cabe recurso e o deputado agora é um dos “jagunços” do presidente Jair Bolsonaro. De qualquer forma, a sentença é curiosa. O fascista foi processado por Jean Wyllys em 2017 após publicar nas redes sociais uma foto do deputado com uma falsa declaração favorável à pedofilia. A postagem mentirosa teve quase 10 mil compartilhamentos e mais de 2 mil comentários. Segundo Jean Wyllys, a fake news motivou uma onda de ódio e ameaças à sua vida. A juíza concluiu que o delito ficou comprovado, inclusive pelo fato de que o acusado não negou a autoria das postagens. “Alexandre Frota, ao exercer seu direito à livre manifestação do pensamento, claramente excedeu os limites constitucionais, porquanto atentou diretamente contra a honra e à imagem do deputado Jean Wyllys”.
Nos próximos meses, o pornô-ator poderá ter novas dores de cabeça na Justiça. Em meados de outubro, ele foi acionado por seu próprio filho. Segundo reportagem da Folha, “o deputado federal Alexandre Frota, 54 anos, eleito por São Paulo no último domingo, está enfrentando um processo movido por seu filho, Mayã Frota, 18, que envolve uma alta dívida com pensão alimentícia”. A dívida seria de aproximadamente R$ 60 mil – o valor inicial era de R$ 9.176,24, mas foi acrescido de juros e correção pela inadimplência do ator. Ainda segundo a reportagem, o recém-eleito poderá ser preso caso não pague a quantia estipulada. E a Folha ainda apimentou a notícia com a troca de farpas entre pai e filho:
“No último domingo à tarde, após a divulgação do resultado das eleições, Mayã criticou o fato de o pai ter sido eleito. Ele afirmou que foi bloqueado pelo pai nas redes sociais. ‘Sou filho de um ex-ator pornô, ex-viciado em cocaína, que defende a família, mas queria me abortar. Como ele virou atual deputado federal de São Paulo, eu não sei’, afirmou em mensagem no Twitter. O rapaz de 18 anos é filho da personal trainer Samantha Lima Gondim, que foi namorada de Frota na década de 1990. Há três anos, Mayã foi entrevistado pelo site Ego, e disse que sonhava seguir a carreira de modelo. Na ocasião, ele disse que não tinha contato com o pai desde 2013. Em um vídeo feito ao vivo pelo Facebook, Alexandre Frota respondeu ao filho:
“Hoje, fui surpreendido por uma mensagem do meu filho, que está atualmente morando na Bélgica. Ele disse que não entende como eu fui eleito e não vou deixá-lo sem resposta... Fui eleito com mais de 152 mil votos, porque essas pessoas acreditaram no meu trabalho que vem sendo feito desde 2013. Essas pessoas não foram preconceituosas, falsas e moralistas”. Em outro trecho, Alexandre Frota diz que “nunca quis abortar você até porque essa opção seria de sua mãe. Sempre fui contra o aborto. Hoje você tem 18, está prestes a fazer 19 anos e deveria conhecer toda a minha história”. E o moralista sem moral conclui sua resposta ao filho: “Fui ator da TV Globo, e quando eu me tornei ator pornô, você já tinha quatro anos. E, desse trabalho, você estudou, comeu e se vestiu. Tudo, com o dinheiro da pornografia. Durante muito tempo, você e sua mãe foram sustentados com esse dinheiro”.
De fato, a indagação do rapaz se justifica. “Como ele virou atual deputado federal de São Paulo, eu não sei”.
Altamiro Borges, é jornalista.
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