De acordo com o plano, a primeira usina carbonífera será fechada ainda este ano, e outras sete que estão entre as mais poluentes, até 2022. O cronograma prevê o fechamento de 30 usinas no país.
Por Redação, com DW - de Berlim
A Alemanha deu início, neste sábado, ao desafio de se livrar das usinas elétricas abastecidas a carvão. As duas câmaras do Parlamento alemão aprovaram, na noite passada, a legislação que estabelece a eliminação gradual do combustível fóssil em menos de duas décadas, como parte da estratégia do governo para reduzir as emissões de CO2.
Os alemães, agora, dependem significativamente da energia do carvão, que abastece um terço da demanda de todo o país. De acordo com o plano, a primeira usina carbonífera será fechada ainda este ano, e outras sete que estão entre as mais poluentes, até 2022. O cronograma prevê o fechamento de 30 usinas no país.
O pacote de medidas possui duas vertentes principais. A primeira estabelece um caminho legal para a redução gradual das emissões até, no máximo, 2038, enquanto a segunda é voltada para as economias regionais que serão diretamente afetadas.
RenováveisAs regiões produtoras de carvão nos estados da Renânia do Norte-Vestfália, Saxônia, Saxônia-Anhalt e Brandemburgo receberão 40 bilhões de euros destinados à restruturação de suas economias, recapacitação da mão de obra e expansão da infraestrutura local. As operadoras das usinas de carvão também receberão compensações financeiras. Entretanto, esse beneficio está condicionado a elaboração de planos para o fechamento das usinas e o término de outras atividades que resultam em emissões, que devem ser anunciados pelas operadoras até 2026.
— A era fóssil na Alemanha chega a um fim irrevogável com essa decisão — afirmou o ministro da Economia do país, Peter Altmaier.
A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, comemorou o que chamou de "grande sucesso político para todos os que desejam um futuro favorável ao clima para nossos filhos e netos”. Ela destacou que a Alemanha é o primeiro país europeu a iniciar a transição das energias nuclear e carbonífera para fontes renováveis.
— Apostamos nas energias solar e eólica para suprir toda a nossa necessidade — afirmou.
Estratégia
As energias renováveis, porém, ainda são minoria na matriz energética alemã. Michael Vassiliadis, presidente do sindicato IG BCE, que representa os setores da mineração, da indústria química e da energia, disse que a medida é um "marco histórico”. Em sua visão, o pacote de leis forneceu uma rede segura para os trabalhadores afetados, que receberão o devido apoio para a transição para outros setores.
Muitos, porém, entendem que as medidas não são suficientes para mitigar as mudanças climáticas. Entidades ambientalistas dizem que o plano fracassa em seu principal objetivo. Martin Kaiser, diretor do Greenpeace, considera a estratégia um "erro histórico”. Annalena Baerbock, líder do Partido Verde, afirma que o governo deveria completar a redução escalonada do uso do carbono até, no máximo, 2030.
No início do ano, a pesquisa DeutschlandTrend revelou que 27% dos alemães consideravam as mudanças climáticas o tema mais urgente no país, pouco atrás dos refugiados e da política migratória. O governo da Alemanha tem como objetivo estabelecer uma economia neutra em termos de emissões de CO2 até 2050. A Comissão Europeia também trabalha numa estratégia semelhantes para a União Europeia.