Pela manhã, Lula disse que ia conversar com Almeida, ainda nesta sexta-feira, mas já deixava claro que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”. De fato, a reunião ocorreu no fim desta tarde e o ministro, embora tenha negado com veemência as denúncias contra ele, foi demitido sumariamente.
Por Redação – de Brasília
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu sumariamente, nesta sexta-feira, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, em reunião no Palácio do Planalto, apenas 24 horas depois das denúncias de assédio sexual a uma série de mulheres, entre elas a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Pela manhã, Lula disse que ia conversar com Almeida, ainda nesta sexta-feira, mas já deixava claro que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”. De fato, a reunião ocorreu no fim desta tarde e o ministro, embora tenha negado com veemência as denúncias contra ele, foi demitido sumariamente.
— Eu estou numa briga danada contra a violência contra as mulheres. O meu governo tem uma prioridade em fazer com que as mulheres se transformem definitivamente numa parte importante da política nacional. Eu não posso permitir que tenha assédio. Então é o seguinte, nós vamos ter que apurar corretamente. Mas eu acho que não é possível a continuidade (de Silvio Almeida) no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, a defesa das mulheres, a defesa, inclusive, dos direitos humanos com alguém que esteja sendo acusado de assédio — afirmou mais cedo o presidente.
Mulheres
Para evitar qualquer iniquidade, o chefe do Executivo determinou a abertura de uma série de inquéritos, embora esteja com a opinião formada.
— Eu só tenho que ter o bom senso, é preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção de inocência, ele tem direito de se defender. Nós vamos colocar Polícia Federal, o Ministério Público, a Comissão de Ética da Presidência da República para investigar — acrescentou Lula.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, segundo a denúncia que eclodiu na noite passada, estaria entre as vítimas do ministro dos Direitos Humanos. Ao tomar ciência do ocorrido, Lula determinou que Silvio Almeida também prestasse esclarecimentos aos ministros da Controladoria-Geral da União (CGU), Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
— Primeiro, vou conversar com meus três ministros (CGU, AGU e MJSP), vou conversar com mais duas mulheres que estão no governo, que são ministras, e depois eu vou conversar tanto com o Silvio, quanto com a Anielle e vou tomar a decisão (sobre a permanência de Silvio Almeida no governo) — continuou.
Ética Pública
Lula cumpriu agenda em Goiânia e chegou à tarde para as reuniões com os ministros.
— O governo precisa de tranquilidade, o país está indo bem, as coisas estão funcionando bem, a economia está crescendo (…). Eu não vou permitir que um erro pessoal de alguém ou um equívoco de alguém vá prejudicar o governo. Nós queremos paz e tranquilidade e assédio não pode coexistir com a democracia, com respeito aos direitos humanos e sobretudo com respeito aos subordinados — ressaltou.
No fim desta manhã, a Comissão de Ética Pública (CEP) divulgou nota afirmando que, em reunião extraordinária, decidiu, por unanimidade, pela abertura de procedimento preliminar, para solicitar esclarecimentos ao ministro. A Polícia Federal também confirmou que vai investigar as denúncias de suposto assédio sexual.