Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Ação policial em SP investiga ligação de postos com lavagem do PCC

Operação Octanagem da Polícia Civil investiga seis postos de combustíveis ligados a Mohamad Hussein Mourad, operador financeiro do PCC, em busca de lavagem de dinheiro.

Terça, 21 de Outubro de 2025 às 12:32, por: CdB

Ação da Polícia Civil mira seis estabelecimentos associados a Mohamad Hussein Mourad, apontado como operador financeiro da facção.

Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo deflagrou nesta terça-feira a Operação Octanagem, que tem como alvo seis postos de combustíveis suspeitos de ligação com o empresário Mohamad Hussein Mourad, apontado como o principal operador do esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação cumpre mandados de busca e apreensão na Baixada Santista e no interior paulista.

Ação policial em SP investiga ligação de postos com lavagem do PCC | Posto de combustível em Santos é alvo da Operação Octanagem, deflagrada pela Polícia Civil
Posto de combustível em Santos é alvo da Operação Octanagem, deflagrada pela Polícia Civil

Segundo as investigações, os estabelecimentos são parte do braço “varejista” da rede criminosa identificada na Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto e considerada a maior ofensiva da história contra o crime organizado no setor de combustíveis.

Alvos em Santos, Praia Grande e Araraquara

Ao todo, os agentes cumpriram seis mandados de busca e apreensão: três em postos de combustíveis de Praia Grande, dois em Santos e um em Araraquara, no interior do Estado.

A operação é acompanhada por fiscais da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e da Secretaria da Fazenda de São Paulo. O objetivo é investigar possíveis irregularidades fiscais e contábeis e identificar eventuais conexões financeiras com a facção criminosa.

De acordo com a polícia, os postos pertencem aos empresários Pedro Furtado Gouveia e Luiz Ernesto Franco Monegatto, que já haviam sido alvos da Operação Carbono Oculto por suposta associação com Mohamad Mourad, atualmente foragido.

Indícios de ligação entre os empresários

As investigações apontam que os seis postos têm relação direta com Himad, primo de Mohamad e apontado como um dos principais articuladores do esquema de lavagem de dinheiro do PCC.

Em junho deste ano, investigadores detectaram uma operação suspeita: ao realizar uma compra no Auto Posto Panamera, em Praia Grande — de propriedade de Pedro Gouveia — o comprovante de pagamento saiu em nome do Auto Posto Ímola, em Araraquara, que pertence a Luiz Ernesto Monegatto. Segundo o antigo dono, o estabelecimento foi vendido a Monegatto e a Himad, embora o nome deste último não conste no quadro societário.

Até março de 2025, Himad figurava como sócio do Auto Posto Platinum, também em Praia Grande, e dos postos Super Senna e Novo Milênio, em Santos, todos atualmente controlados por Pedro Gouveia. Outro estabelecimento sob investigação é o Posto Quasar, também em Praia Grande.

A Polícia Civil suspeita que Himad mantenha participação oculta em mais de 100 postos em diferentes estados. De acordo com levantamento do portal g1, ele é sócio direto de ao menos 10 estabelecimentos, embora as autoridades acreditem que o número real seja muito maior.

Esquema bilionário de lavagem e sonegação

A Operação Carbono Oculto revelou uma complexa estrutura montada pelo PCC para infiltrar-se na cadeia de produção e distribuição de combustíveis no Brasil. O grupo utilizava empresas de fachada e transações fictícias para lavar dinheiro oriundo do tráfico e de outros crimes, movimentando bilhões de reais.

Deflagrada em agosto, a operação mobilizou cerca de 1,4 mil agentes para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão contra mais de 350 pessoas e empresas. Segundo a Secretaria da Fazenda paulista, o grupo teria sonegado mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.

Entre os 15 principais alvos, estão empresários ligados à gestão de ao menos 251 postos de combustíveis em quatro estados. Na Baixada Santista, foram identificados 33 postos em seis cidades — 12 em Santos, nove em Praia Grande, seis em Guarujá, três em São Vicente, dois em Cubatão e um em Mongaguá.

Foragido e ramificações nacionais

Apontado como o líder do esquema, Mohamad Hussein Mourad continua foragido. Ele é suspeito de utilizar familiares e sócios de confiança para manter a estrutura financeira ativa, mesmo após a deflagração da Carbono Oculto.

A Operação Octanagem representa a continuidade dessa investigação, agora voltada ao controle de postos que funcionariam como fachada para a movimentação e lavagem de recursos ilícitos da facção.

As autoridades esperam que as novas apreensões ajudem a mapear a extensão da rede e a identificar os fluxos de dinheiro que sustentam o PCC fora do sistema bancário formal.

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