Lula afirmou que “se os homens que fazem guerra tivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema que mata, do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como fizemos ano passado”.
Por Redação – de Belém do Pará
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na abertura oficial da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) nesta segunda-feira, pronunciou um discurso marcado por críticas aos investimentos internacionais em guerras e por mais recursos no combate à crise climática.

Lula afirmou que “se os homens que fazem guerra tivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema que mata, do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como fizemos ano passado”.
Realidade
O pronunciamento ocorreu diante de delegações de todo o mundo e marcou um momento simbólico para o Brasil, que sedia o encontro no coração da Amazônia pela primeira vez. Lula celebrou o protagonismo do Pará e da cidade de Belém, exaltando a decisão política de realizar o evento na região amazônica — um gesto que, segundo ele, evidencia o compromisso do país com a preservação ambiental e com a inclusão das populações tradicionais no debate global.
— Fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto acabar com a poluição do planeta — acrescentou o presidente, após ressaltar que a escolha do local simboliza a urgência de olhar para a realidade vivida por quem habita o bioma mais diverso do planeta.
Maniçoba
Lula destacou ainda a importância do envolvimento social e da hospitalidade paraense, incentivando os visitantes a conhecerem a cultura, a culinária e a força do povo da Amazônia.
— Aqui vocês vão comer comida que vocês não comeram em nenhum lugar do mundo… e não se esqueçam da maniçoba — sorriu junto com a plateia, ao mencionar a rivalidade culinária entre Pará, Rio de Janeiro e Bahia.
O presidente relembrou a cúpula da Terra de 1992, no Rio de Janeiro, e a importância das bases conceituais lançadas naquela época, como o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade comum, porém diferenciada.
Cooperação
Agora, segundo ele, trazer novamente a convenção ao Brasil representa uma oportunidade de “recuperar o entusiasmo que embala o nascimento do multilateralismo ambiental”.
O presidente reforçou seu apoio ao Acordo de Paris, essencial para conter um aquecimento global catastrófico, mas alertou que o ritmo das ações ainda é insuficiente.
— Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado ao aquecimento catastrófico de quase 5 graus até o fim do século. Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada. No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a 1,5 grau na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr — observou.
Durante as próximas duas semanas, Belém será palco de negociações decisivas, reunindo governadores, prefeitos, cientistas, parlamentares e organizações da sociedade civil. Ao defender cooperação global e investimentos robustos no clima, Lula reforçou o recado: o combate às mudanças climáticas é urgente — e muito menos custoso que a destruição provocada pelas guerras.