Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Na abertura oficial da COP30, Lula critica apoio às guerras

Na COP30, Lula destaca a urgência de investir em soluções climáticas em vez de guerras, propondo um gasto de US$ 1,3 trilhão para salvar vidas.

Segunda, 10 de Novembro de 2025 às 20:03, por: CdB

Lula afirmou que “se os homens que fazem guerra tivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema que mata, do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como fizemos ano passado”.

Por Redação – de Belém do Pará

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na abertura oficial da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) nesta segunda-feira, pronunciou um discurso marcado por críticas aos investimentos internacionais em guerras e por mais recursos no combate à crise climática.

Na abertura oficial da COP30, Lula critica apoio às guerras | Lula não poupou críticas aos negacionistas da crise ambiental
Lula não poupou críticas aos negacionistas da crise ambiental

Lula afirmou que “se os homens que fazem guerra tivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema que mata, do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como fizemos ano passado”.

 

Realidade

O pronunciamento ocorreu diante de delegações de todo o mundo e marcou um momento simbólico para o Brasil, que sedia o encontro no coração da Amazônia pela primeira vez. Lula celebrou o protagonismo do Pará e da cidade de Belém, exaltando a decisão política de realizar o evento na região amazônica — um gesto que, segundo ele, evidencia o compromisso do país com a preservação ambiental e com a inclusão das populações tradicionais no debate global.

— Fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto acabar com a poluição do planeta — acrescentou o presidente, após ressaltar que a escolha do local simboliza a urgência de olhar para a realidade vivida por quem habita o bioma mais diverso do planeta.

 

Maniçoba

Lula destacou ainda a importância do envolvimento social e da hospitalidade paraense, incentivando os visitantes a conhecerem a cultura, a culinária e a força do povo da Amazônia.

— Aqui vocês vão comer comida que vocês não comeram em nenhum lugar do mundo… e não se esqueçam da maniçoba — sorriu junto com a plateia, ao mencionar a rivalidade culinária entre Pará, Rio de Janeiro e Bahia.

O presidente relembrou a cúpula da Terra de 1992, no Rio de Janeiro, e a importância das bases conceituais lançadas naquela época, como o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade comum, porém diferenciada.

 

Cooperação

Agora, segundo ele, trazer novamente a convenção ao Brasil representa uma oportunidade de “recuperar o entusiasmo que embala o nascimento do multilateralismo ambiental”.

O presidente reforçou seu apoio ao Acordo de Paris, essencial para conter um aquecimento global catastrófico, mas alertou que o ritmo das ações ainda é insuficiente.

— Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado ao aquecimento catastrófico de quase 5 graus até o fim do século. Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada. No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a 1,5 grau na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr — observou.

Durante as próximas duas semanas, Belém será palco de negociações decisivas, reunindo governadores, prefeitos, cientistas, parlamentares e organizações da sociedade civil. Ao defender cooperação global e investimentos robustos no clima, Lula reforçou o recado: o combate às mudanças climáticas é urgente — e muito menos custoso que a destruição provocada pelas guerras.

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