Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

COP30 inicia exigindo respostas à emergência ambiental

A COP30 inicia em Belém, destacando a urgência de ações contra a crise climática, com líderes mundiais pedindo cooperação e novos financiamentos para mitigar emissões de gases do efeito estufa.

Segunda, 10 de Novembro de 2025 às 10:36, por: CdB

Relatórios apontam que emissões de gases do efeito estufa seguem em alta e metas do Acordo de Paris estão distantes; líderes mundiais defendem união e novos mecanismos de financiamento.

Por Redação, com Agenda do Poder – de Brasília

A 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30) começou oficialmente nesta segunda-feira, em Belém, após uma série de eventos preparatórios, e segue até o dia 21 de novembro. O encontro, que reúne representantes de quase 200 países, carrega um simbolismo especial: três décadas após a primeira conferência, as emissões globais continuam em alta, e o planeta segue se aquecendo a um ritmo preocupante.

COP30 inicia exigindo respostas à emergência ambiental | Conferência do Clima da ONU (COP30)
Conferência do Clima da ONU (COP30)

O governo brasileiro chega ao evento com saldo considerado positivo — mais de 50 países já manifestaram interesse em participar do Fundo das Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). No entanto, os desafios permanecem os mesmos que há 30 anos: conter o avanço do aquecimento global, reduzir o uso de combustíveis fósseis e garantir o cumprimento das metas do Acordo de Paris, firmado em 2015.

O alerta dos termômetros

Um relatório divulgado pela ONU na última terça-feira reforçou que as emissões de carbono ainda estão muito acima do necessário para impedir o colapso climático. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o planeta caminha para um aquecimento entre 2,3°C e 2,5°C — bem acima do limite de 1,5°C estabelecido em Paris.

O World Resources Institute, grupo internacional de pesquisa, destacou em outubro que as metas apresentadas pelos governos para reduzir emissões até 2035 continuam insuficientes. A temperatura média global já ultrapassou o patamar de 1,5°C em alguns anos, e 2023 e 2024 figuram entre os anos mais quentes da história.

A preocupação com os combustíveis fósseis também persiste. A Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que a demanda por carvão, um dos mais poluentes, seguirá em níveis recordes até 2027, impulsionada principalmente pelo crescimento da China e da Índia.

Alguns passos adiante

Mesmo diante dos alertas, há avanços. A AIE aponta que as energias solar e eólica tiveram expansão acelerada, e as vendas de veículos elétricos dispararam. O investimento global em energia limpa chegou a US$ 2,2 trilhões em 2024, ultrapassando pela primeira vez o volume destinado a combustíveis fósseis.

Apesar disso, especialistas lembram que o crescimento das energias renováveis tem servido para atender à demanda crescente, sem reduzir de fato o uso de combustíveis fósseis.

Cúpula de líderes reforça apelo por cooperação

Nos dias 6 e 7, a Cúpula de Líderes realizada em Belém definiu o tom político da conferência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a necessidade de ações multilaterais. “A Terra é única. A humanidade é uma só. A resposta tem de vir de todos, para todos”, disse.

Lula defendeu ainda que grandes corporações e os chamados super-ricos sejam taxados para contribuir com o financiamento de políticas de mitigação climática. O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez coro à cobrança: “Muitas empresas estão obtendo lucros recordes com a devastação climática, com bilhões gastos em lobby, enganando o público e obstruindo o progresso, e muitos líderes permanecem cativos a esses interesses arraigados.”

Já o presidente do Chile, Gabriel Boric, criticou Donald Trump, que voltou a negar a crise climática. “O presidente dos Estados Unidos, na última Assembleia da ONU, disse que a crise climática não existe, e isso é uma mentira.”

Trump, que retirou os EUA do Acordo de Paris em seu primeiro mandato, é uma das ausências mais notadas na COP30.

As metas brasileiras e o papel do país

O Brasil chega à conferência com a meta de reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, em relação a 2005, e alcançar emissões líquidas zero até 2050. Para isso, o governo aposta no fim do desmatamento ilegal até 2030 e no desmatamento zero total até 2035.

Essas metas fazem parte das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), revisadas periodicamente pela ONU. O documento que detalha os compromissos brasileiros inclui o Plano de Transformação Ecológica, que busca envolver os três Poderes na transição para uma economia verde.

A COP30, portanto, começa sob um duplo sinal: avanços tecnológicos e promessas políticas de um lado, e um planeta cada vez mais quente do outro — um lembrete de que o tempo para agir está se esgotando.

Edições digital e impressa