seca

Dados do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, divulgados na véspera, mostram que o Brasil teve a menor entrada de água nos reservatórios dos últimos 91 anos em seus períodos chuvosos – de setembro a março passados.

A seca e a geada observadas, no Brasil, tendem ainda a quebrar em 27,3% a safrinha de milho deste ano, com um declínio de 110 milhões de toneladas, previstas inicialmente, para 80 milhões.

Cientistas dizem que o antigo lago, que se espalha pelo altiplano ensolarado da Bolívia, é vítima de décadas de desvio de água para necessidades regionais de irrigação. E o clima mais quente e seco torna sua recuperação cada vez mais improvável.

Segundo o ONS, os níveis dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste alcançaram o seu nível mais baixo, nesta segunda-feira, com uma redução de 26,85%. A marca equipara-se ao pior percentual de todos os tempos, observado em 31 de julho de 2001, quando o Brasil iniciava o racionamento de energia.

De acordo com o ONS, a situação "resulta em uma degradação dos níveis de armazenamento ao final do período seco quando comparado com os resultados do estudo prospectivo anterior, em especial dos subsistemas Sul e Nordeste".

O documento está publicado na atual edição da revista científica Earth Systems and Environment, e contou com apoio e desenvolvimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Não fosse suficiente o flagelo da falta d’água, a questão econômica das cidades ocorre porque o lago vai do sul ao oeste de Minas Gerais, com localidades que ficam a mais de 100 quilômetros de distância da barragem. Isso faz com que ele atinja áreas planas e também montanhosas.

A situação brasileira aponta para um futuro de dificuldades no abastecimento de água em todo o mundo. A ONU afirma que “a escassez de água pode ser a nova pandemia”, em referência à covid-19.

A situação a que Bento Albuquerque se refere, todavia, é bem mais complicada. Na sexta-feira, o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), reunido extraordinariamente para avaliar as condições hídricas do país, emitiu um alerta de emergência.

De acordo com o CMSE, a seca prevista para o período de setembro a maio é a pior em 91 anos. Neste ano, a previsão é que a seca será especialmente severa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Os incêndios florestais destruíram, em duas semanas, 35 mil hectares de vegetação nativa no Pantanal de Mato Grosso do Sul, um dos principais ecossistemas brasileiros. Em todo o bioma, desde o início do ano, foram registrados 3.415 focos de incêndio, maior número desde 1998.

Trabalhos de dragagem estão sendo realizados agora no Paraná, ao sul do complexo portuário de Rosário, para tentar restaurar a profundidade da água necessária ao tráfego das exportações, mas atualmente não há estimativa sobre quando as operações serão ser retomadas.

O período de seca que acomete a região central do Brasil não tem previsão para amenizar, segundo o Instituo Nacional de Meteorologia (Inmet). Há dois dias, na quinta-feira, a Defesa Civil do Distrito Federal declarou estado de emergência na capital, pela segunda vez, após dois dias consecutivos de umidade relativa abaixo do limite, fixado em 12%.