O documento está publicado na atual edição da revista científica Earth Systems and Environment, e contou com apoio e desenvolvimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Por Redação, com RBA - de São Paulo
A maior ocorrência de secas e um novo regime de chuvas, na América do Sul, tendem a ser uma constante, com resultados catastróficos mais frequentes e intensos até o fim deste século, segundo estudo climatológico divulgado nesta segunda-feira. Uma pesquisa reuniu diferentes instituições de todo o mundo e prevê, com base na análise dos dados científicos recolhidos, o agravamento das crises climáticas no subcontinente americano.
O documento está publicado na atual edição da revista científica Earth Systems and Environment, e contou com apoio e desenvolvimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além da falta d'água para consumo humano e animal, o esvaziamento dos reservatórios responsáveis pela geração de energia elétrica está entre os principais dramas ambientais deste século, para o Brasil.
“Se as emissões de gases de efeito estufa (GEE) continuarem no patamar atual, a temperatura média na América do Sul pode subir até 4 ºC até o fim do século; em um cenário mais pessimista. Tornando os eventos climáticos extremos – como secas, inundações e incêndios florestais – mais frequentes e intensos na região”, afirma a instituição, em nota assinada pelo jornalista Elton Alisson, editor de Pesquisa para Inovação na agência de notícias científicas da Fapesp.
Região Amazônica
O documento reafirma o que o relatório especial das Nações Unidas já havia previsto, há cerca de uma década. A representante especial da ONU para redução de risco de desastres, Mami Mizutori, disse ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP) que a seca poderá significar a próxima “pandemia”, no planeta. Em seu levantamento, regiões da América do Sul aparecem como especialmente frágeis.
— A seca está prestes a se tornar a próxima pandemia, e não existe vacina para curá-la — ressaltou.
No estudo, grande parte da região amazônica é apontada como propícia à redução no regime de chuvas.
— As projeções feitas com os novos modelos climáticos apontaram que, dependendo do cenário, o sul da Amazônia, por exemplo, experimentará condição maior de seca — afirmou ao OESP o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coautor do artigo, Lincoln Muniz Alves.
Impactos
Ainda segundo Muniz Alves, “as projeções indicam que a contribuição relativa dos totais mensais acumulados para a média anual de chuvas na região está diminuindo significativamente em alguns meses”.
— Se antes chovia dez milímetros em um determinado mês, esse número caiu pela metade — afirmou o pesquisador.
Tais alterações ampliam o sacrifício de parcelas diferentes da sociedade.
— Isso tem impactos nos setores agrícola e de geração de energia, por exemplo, que fazem seus planejamentos com base nos volumes de chuvas — resumiu.