Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

O presidente e o ministro na condução da economia

Arquivado em:
Terça, 18 de Junho de 2024 às 09:20, por: CdB

Lula enfrenta ataques do rentismo e agronegócio, enquanto críticos de esquerda ignoram a necessidade de força política para romper com o neoliberalismo, culpando Haddad injustamente.

Por Luciano Siqueira – de Brasília

A cada dia é mais claro que Lula governa em terreno minado e sob ataque do rentismo e do agronegócio exportador, que atuam em várias trincheiras.

governo.png
Lula enfrenta ataques do rentismo e agronegócio

Isto numa correlação de forças muito difícil, especialmente pela fragilidade da base governista na Câmara e no Senado e pela ausência de mobilização social correspondente à dimensão das tarefas do governo.

Entretanto, muitas vozes situadas à esquerda batem duro no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pelas inflexões frequentes que é constrangido a fazer na condução da política econômica.

Continue lendo

Há até os que dizem que o ministro destoa do presidente, como se não houvesse uma sintonia entre ambos.

Ou, como insistem em editoriais os principais jornais conservadores, que Lula desautorizaria frequentemente as iniciativas do seu ministro.

A intenção dos que se postam á esquerda pode até ser boa, a plena retomada do desenvolvimento econômico fundado em atividades industriais renovadas pela inovação tecnológica e pesados investimentos governamentais em infraestrutura; e, ainda de quebra, a plena efetivação das políticas sociais compensatórias e o municiamento financeiro correspondente às imensas necessidades na Saúde e na Educação.

Atitude meio que infantil

Entretanto, assumem uma atitude meio que infantil ao não enxergarem que a ruptura com os fundamentos macroeconômicos neoliberais não é uma questão de atitude do ministro da Fazenda e de sua equipe. Antes implica em força política para tal, elemento por si mesmo da alçada do próprio presidente da República (e do conjunto das correntes políticas que com ele governam), que se empenha com determinação e habilidade para adquiri-la.

Estes críticos bem que poderiam se postar diante do espelho e se perguntarem a si mesmos qual a contribuição que têm dado para esclarecer, ajuntar e mobilizar a população trabalhadora e o povo em geral, objetivamente principais interessados na efetivação da agenda da reconstrução nacional.

Por enquanto, quase nada.

A moral da história é que sem força real, inclusive capaz de se contrapor à maioria parlamentar de centro-direita e de extrema direita, os passos do governo sempre serão em certa medida limitados e sujeitos a inflexões sob todos os títulos prejudiciais e indesejáveis.

Nada a ver com a suposta diferenciação entre o presidente Lula e o ministro da Fazenda Fernando Haddad, em certo sentido gêmeos siameses na condução da política econômica.

Tudo a ver com a unidade das nossas forças e o empenho na luta concreta, tanto nas esferas institucionais como na mobilização da sociedade nos salões, nas redes digitais e nas ruas.

 

Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo