Rio de Janeiro, 27 de Dezembro de 2024

Ministro nega, mas nos planos da Aneel está a possibilidade de racionar energia

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Segunda, 31 de Maio de 2021 às 13:17, por: CdB

A situação a que Bento Albuquerque se refere, todavia, é bem mais complicada. Na sexta-feira, o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), reunido extraordinariamente para avaliar as condições hídricas do país, emitiu um alerta de emergência.

Por Redação - de Brasília

Ministro das Minas e Energia, o almirante de esquadra Bento Albuquerque precisou acalmar os ânimos dos investidores, nesta segunda-feira, ao negar a possibilidade de um novo racionamento de eletricidade, no país. Diante da seca histórica que atinge o país, no entanto, o militar pede que haja o uso “racional” por parte dos consumidores.

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O ministro Bento Albuquerque tenta acalmar os investidores, ao afirmar que não haverá racionamento de energia no país

— Não trabalhamos com essa possibilidade (de racionamento) porque tudo indica que nós temos o controle da situação — disse o ministro, a jornalistas.

A situação a que Bento Albuquerque se refere, todavia, é bem mais complicada. Na sexta-feira, o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), reunido extraordinariamente para avaliar as condições hídricas do país, emitiu um alerta de emergência entre junho e setembro para cinco Estados da Federação: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

O regime de chuvas é muito negativo, principalmente na região da bacia do rio Paraná, que concentra importantes usinas hidrelétricas, como Jupiá, Ilha Solteira, Porto Primavera e Itaipu. O comunicado, todavia, é apenas mais um passo na sequência de notícias que expõem uma das piores secas que o país já enfrentou, concentrada na região Centro-Sul.

Sudeste

De acordo com os dados do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), liberado em abril, as hidrelétricas do país receberam o menor volume de chuvas em 91 anos, entre setembro de 2020 e março deste ano. A realidade ficou ainda piorou em abril, conforme indica o Índice Integrado de Seca do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com intensificação da seca em relação a março.

Entre as áreas mais afetadas no período, as cabeceiras dos rios em São Paulo, Mato Grosso do Sul, sul de Goiás e oeste de Minas Gerais receberam um volume de chuvas muito aquém dos esperado. Nessa região, 248 municípios estavam em condições consideradas de seca extrema, uma categoria anterior ao pior da escala de cinco níveis, a seca excepcional. O impacto imediato da atual situação hídrica do país é o aumento no preço da energia elétrica.

— O Sudeste, onde a situação dos reservatórios é pior, responde por cerca de 70% da produção de energia hidrelétrica do país — analisou a economista-chefe da CM Capital Markets, Carla Argenta, em diálogo com jornalistas.

Bandeira vermelha

O país precisa, assim, acionar um conjunto de usinas térmicas, cuja produção é muito mais cara e mais poluente. Nas contas de luz pagas pelos consumidores neste mês, já consta o acréscimo da bandeira vermelha patamar 1 acionada no início de maio pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Mas a perspectiva para os próximos meses é bem pior, uma vez que a cobrança pode ser ainda mais alta, se a Aneel julgar necessário elevar a bandeira vermelha ao patamar 2, a mais cara entre as quatro consideradas pela agência.

— Dadas as características dos reservatórios do Sudeste, é difícil que haja melhora no curto prazo — adianta Argenta.

Racionamento

E, se depender do regime de chuvas nos próximos meses, o quadro pode demandar "políticas governamentais específicas para contornar a situação”, acrescenta a economista.

— Um racionamento não está descartado — adverte

Tal medida, a mais drástica em quase duas décadas, todavia, geralmente está no fim da fila das opções avaliadas pelos gestores públicos por conta de seu elevado ônus político. A última vez que o país usou esse expediente segue viva na memória de muitos brasileiros.

Em 2001, no penúltimo ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o país sofreu uma série de apagões e teve de passar por um penoso racionamento. O Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico, frente à gravidade do quadro que se apresenta, estuda a criação de um "comitê de crise" para pensar estratégias que possam afastar o risco de apagão, o que levaria o governo a trabalhar, inclusive, com a hipótese de um racionamento.

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