O Brasil bateu o recorde de medalhas em Mundiais de atletismo paralímpico, com uma delegação menor que a chinesa. Mais de 90% da equipe de atletas brasileiros é beneficiada pelo Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, maior programa de patrocínio individual do mundo.
Por Redação, com ACS – de Kobe, Japão
Restando ainda três dias de competição, o Brasil já tem a melhor campanha da história dos Mundiais Paralímpicos de Atletismo. As vitórias da paraense Fernanda Yara na final dos 400m T47 (para amputados de braço) e do maranhense Bartolomeu Chaves nos 400m T37 (paralisados cerebrais) na noite de terça-feira em Kobe, no Japão, levaram o país a igualar o número de ouros de Lyon 2013, com 16 pódios dourados.
Os dois pódios dourados também fizeram o Brasil continuar na perseguição da líder China no quadro geral de medalhas, com somente um ouro a menos do que os chineses, são 16 a 17. Os brasileiros ainda somam seis pratas e cinco bronzes, enquanto os asiáticos têm 14 pratas e 14 bronzes.
O Brasil bateu o recorde de medalhas em Mundiais de atletismo paralímpico, com uma delegação menor que a chinesa. Mais de 90% da equipe de atletas brasileiros é beneficiada pelo Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, maior programa de patrocínio individual do mundo.
Atual campeã mundial da prova em Paris 2023, Fernanda Yara largou atrás nos 400m T47 feminino, mas nos 250 metros finais conseguiu superar a húngara Petra Luteran, que ficou com bronze, e a venezuelana Lisbeli Andrade, que levou a prata, e cruzar a linha de chegada na frente, com 57s35.
O tempo foi o melhor da temporada da atleta que tem má-formação congênita no braço esquerdo, abaixo do cotovelo. Outra brasileira envolvida na disputa, a potiguar Maria Clara Augusto completou a distância na quinta colocação, com 59s20, fazendo também a sua melhor marca na temporada.
– A vitória é de todo mundo que está envolvido comigo, seja treinadores, patrocinadores e família. Os 400m não é uma prova fácil. A gente treinou bastante. O tempo não era o esperado, mas o treino continua. Agora quero ser campeã paralímpica – apontou Fernanda
Já o maranhense Bartolomeu Chaves conseguiu melhorar seu desempenho anterior, havia sido bronze em Paris 2023, e conquistou seu primeiro ouro em Mundiais. Nos 400m T37, ele fez o tempo de 50s74 e registrou seu melhor índice na carreira.
A prova teve um final emocionante, quando o brasileiro quase foi alcançado pelo atleta neutro Andrei Vdovin, que foi medalhista de prata, com 50s84. O tunísio Amen Tissaoui completou o pódio, ao finalizar em 51s32.
– Sensação muito boa. Senti muito cansaço, mas como é medalha de ouro, todo esforço é bem-vindo. É uma prova muito difícil, tem que sair [da largada] muito forte e, nos 200 metros finais, aumentar o ritmo ainda mais. Mas deu tudo certo – analisou
Mundial no Japão
Ainda nesta manhã do Japão (noite no Brasil), o gaúcho Aser Ramos avançou à final dos 100m T36 (paralisados cerebrais) com o sétimo melhor tempo (12s46). A disputa por medalha foi às 22h29 (de Brasília) desta quarta-feira.
Já a paranaense Aline Rocha, na sua terceira prova na competição, classificou-se para a final dos 100m T54 (que competem em cadeira de rodas). Ela terminou a prova em 18s10 e avançou com o oitavo melhor tempo. A decisão foi às 5h23 (de Brasília) desta quarta-feira.
O Mundial no Japão é realizado no mesmo ano dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, após o Comitê Organizador Local (LOC, na sigla em inglês) solicitar ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês) o adiamento do evento, que seria em 2021, devido à pandemia de covid 19. Com isso, a cidade japonesa sedia a competição de atletismo no ano posterior ao Mundial de Paris 2023, quando o Brasil teve seu melhor desempenho na história em Mundiais. Foram 47 medalhas no total, sendo 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes.