Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Lula critica Israel por matança de palestinos, sob os olhos da ONU

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Quinta, 15 de Fevereiro de 2024 às 18:06, por: CdB

Há mais de um mês, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal órgão judiciário da ONU, determinou que Tel Aviv tomasse medidas para evitar ações que pudessem levar ao genocídio do povo palestino.


Por Redação, com agências internacionais - do Cairo

Em reunião com o mandatário do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi além do compromisso com o discurso econômico e criticou, duramente, o representante do Estado de Israel, Benjamin Netanyahu, por sua aparente facilidade em receber o indulto dos EUA, no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

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Em declaração à imprensa, após encontro com al-Sisi, Lula disse que Brasil e Egito são importantes em seus continentes


— O Conselho de Segurança (da ONU) não pode fazer nada na guerra entre Israel e (o Hamas na) Faixa de Gaza. A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas — afirmou o líder brasileiro em seu discurso, ao lado de al-Sisi.

Há mais de um mês, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal órgão judiciário da ONU, determinou que Tel Aviv tomasse medidas para evitar ações que pudessem levar ao genocídio do povo palestino, após petição feita pela África do Sul. O tribunal, porém, não determinou cessar-fogo imediato, e Israel manteve sua ofensiva e o cerco ao território palestino. O Brasil apoiou a demanda sul-africana.

 

Tratados


Ao lado do posicionamento político, os governos do Brasil e do Egito assinaram, nesta quinta-feira, dois acordos bilaterais para facilitar a exportação de carnes e ampliar a cooperação em ciência e tecnologia. Os atos ocorreram durante a visita oficial do presidente Lula ao país, quando o brasileiro ainda propôs elevar as relações entre os dois países ao nível de parceria estratégica.

Em declaração à imprensa, após encontro com al-Sisi, Lula disse que Brasil e Egito são importantes em seus continentes e não podem ter uma relação pequena.

— A nossa relação tem que ser muito forte, muito grande, e envolver todas as atividades possíveis, da agricultura à defesa, da economia à ciência e tecnologia, da nossa relação conjunta para tentar democratizar o funcionamento das Nações Unidas, no campo da educação, no campo da cultura — afirmou.

 

Alinhamento


Angola e África do Sul são os dois países africanos com o qual o Brasil tem uma parceria estratégica, que é um relacionamento bilateral aprofundado e de longo prazo, envolvendo, por exemplo, cooperação em áreas de interesse e alinhamento político em questões internacionais.

Este ano, o Egito se tornou integrante do BRICS, bloco que reúne economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e Irã. O país africano também participará do G20 a convite do governo brasileiro que, até dezembro, preside o bloco das 20 maiores economias do mundo.

— Somos dois grandes países em desenvolvimento que apostam na promoção do desenvolvimento econômico e social como pilares para a paz e segurança. Combatemos todas as manifestações de racismo, xenofobia, islamofobia e antissemitismo. O Brasil voltou a apoiar a iniciativa egípcia de criação de uma Zona Livre de Armas no Oriente Médio, à semelhança do que já existe na América Latina — ressaltou Lula.

 

Dívida


No BRICS, Lula propõe que as nações trabalhem juntas “pela reforma da ordem global e na construção da paz, especialmente num momento em que ressurgem pressões protecionistas e conflitos que penalizam os países mais pobres”, ao ampiar a discussão sobre a dívida externa dos países africanos.

A visita ao Cairo celebra, ainda, os 100 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Egito. O país é, atualmente, o segundo maior parceiro comercial do Brasil na África, atrás apenas da Argélia.

Em 2023, o comércio bilateral entre os países chegou a US$ 2,8 bilhões, sendo US$ 489 milhões em produtos egípcios importados pelo Brasil e US$ 1,83 bilhão em produtos brasileiros exportados. No caso da Argélia, a balança comercial chegou a US$ 4,2 bilhões no ano passado.

 

Exportação


A expectativa do governo brasileiro é que o comércio entre as nações aumente nos próximos anos, após a abertura do mercado egípcio para diversos produtos brasileiros em 2023, como peixes e derivados, carne de aves, algodão, bananas e gelatina e colágeno. O Brasil também negocia a habilitação de novos abatedouros e frigoríficos no Brasil para exportação de carne bovina.

Durante a reunião, Lula propôs ainda a negociação de acordo de cooperação e facilitação de investimentos, para maior integração empresarial. Também foi discutida a abertura de uma rota aérea entre os dois países, ligando São Paulo ao Cairo.

Entre os atos oficiais, foi assinado um protocolo para exportação de carnes e produtos cárneos do Brasil para Egito, entre o Ministério da Agricultura e Recuperação de Terras do país africano e o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa). De acordo com o governo, o ato “garante segurança alimentar, padrões rigorosos de qualidade e retira amarras burocráticas à exportação de carnes bovinas, suínas e de aves”.

O Egito é um dos seis maiores importadores mundiais de carne bovina do Brasil e líder na importação de carne de aves.

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