Dirigido por Liliane Mutti e Daniela Ramalho, o documentário já foi exibido em mais de 20 festivais, ganhando prêmios em Milão e Cannes. Com pouco mais de oito minutos, o curta mostra a ida dos pais da vereadora (pelo PSOL) e ativista, Antônio e Marinete, para a inauguração do Jardim Marielle Franco, em Paris, em 2019.
Por Redação, com RBA - de Paris
Lançado em 2021, o documentário Elle, sobre Marielle Franco, volta a ser exibido na Europa. Neste sábado, o curta fará parte do Immaginaria Film Festival, evento dedicado às lésbicas “e outras mulheres rebeldes”, cuja 17ª edição começou em Roma, na véspera, e vai até a próxima segunda-feira. Em 9 de maio, Elle terá exibição em Paris, com distribuição do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir (criado em 1982 por militantes feministas) e cachê doado à família de Marilelle Franco, cujo assassinato completou 1,501 dias, neste sábado.
Dirigido por Liliane Mutti e Daniela Ramalho, o documentário já foi exibido em mais de 20 festivais, ganhando prêmios em Milão e Cannes. Com pouco mais de oito minutos, o curta mostra a ida dos pais da vereadora (pelo PSOL) e ativista, Antônio e Marinete, para a inauguração do Jardim Marielle Franco, em Paris, em 2019. A capital francesa teve manifestações de protesto contra o crime ocorrido em março de 2018, quando Marielle e Anderson Gomes, seu motorista, foram mortos a tiros na região central do Rio de Janeiro.
Gênero
O curta tem falas em off e passagens de ato em Paris; além de imagens de arquivo: fotos da infância à vida adulta de Marielle e pronunciamentos da vereadora, eleita em 2016 com 46.502 votos, para o período 2017-2020. Ela foi a quinta mais votada no município.
— A gente tem lado, tem classe e tem identificação de gênero. Não serei interrompida. Vai ter que aturar mulher negra, trans, lésbica ocupando a diversidade dos espaços — afirma em uma das falas.
Marielle foi assassinada, aos 38 anos.
Sem solução
— Dona Marinete, mãe de Marielle, tem enfrentado problemas de saúde. O poeta João de Mello, do conselho da Associação Cine Nova Bossa (responsável pelo filme, em parceria com o Coletivo Ubuntu Audiovisual), ligou contando que ela está sem plano de saúde. Então, decidimos participar dessas iniciativas de amigos do Rio para ajudá-la e estamos muito felizes que o filme possa fazer a sua parte. Marielle e Anderson infelizmente não foram um caso isolado com o crescimento da milícia na cidade do Rio de Janeiro — conta Liliane Mutti.
O crime ainda está sem solução. Acusados pela execução foram presos, mas ainda não houve julgamento. O mandante permanece desconhecido. A tragédia já foi tema de outras obras, entre documentários e homenagens de escolas de samba. Mas a pergunta que é feita há 1,5 mil dias persiste, agora com uma versão francesa:
“Qui a ordonné le meurtre de Marielle? (Quem mandou matar Marielle?)”.