EUA espionam Lula há meio século, revela Fernando Morais

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Publicado quinta-feira, 18 de julho de 2024 as 19:48, por: CdB

O escritor relata que os EUA monitoraram a política brasileira atentamente ao longo dos anos. Lula, personagem central da oposição ao regime ditatorial, na época, foi intensamente observado.

Por Redação – de São Paulo

Biógrafo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o jornalista e escritor Fernando Morais obteve junto ao governo dos Estados Unidos, por meio da Lei de Acesso à Informação norte-americana (Freedom of Information Act – FOIA), 613 relatórios produzidos por órgãos de inteligência daquele país sobre o líder brasileiro, ao longo das últimas décadas.

Fernando Morais
O jornalista e escritor Fernando Morais escreve a biografia de Lula

Morais relatou ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira, que “o presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimentos. Mas pedi de todas”.

O escritor relata que os EUA monitoraram a política brasileira atentamente ao longo dos anos. Lula, personagem central da oposição ao regime ditatorial, na época, foi intensamente observado.

 

Volume 2

Os dados obtidos pelo jornalista devem constar da segunda parte da biografia de Lula, ainda sem data de lançamento.

— Enrolaram muito, e como pedi uma quantidade grande, se sentiram no direito de atrasar. Tanto que minha ideia era que o material entrasse no volume 1 do livro, mas não mandaram. Entrará no volume 2, então — adianta Morais. O primeiro volume da biografia de Lula já foi traduzido para o chinês, inglês e espanhol, marcando o impacto global da trajetória do presidente.

Ao todo, foram produzidos 819 documentos, totalizando 3,3 mil páginas de registros. Até agora, foram identificados 613 documentos produzidos pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês); 111 pelo Departamento de Estado; 49 pela Agência de Inteligência da Defesa; 27 pelo Departamento de Defesa; além de oito do Exército Sul dos EUA e um do Comando Cibernético do Exército.

 

Petrobras

Morais aguarda, ainda, as respostas do Federal Bureau of Investigation (FBI); Agência de Segurança Nacional (NSA) e da Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN). O prazo para resposta é de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se os dados serão fornecidos.

De acordo com os documentos acessados, entre outros aspectos, consta a relação de Lula com a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), com autoridades do Oriente Médio e da China; além de planos militares brasileiros e dados sobre a produção da Petrobras. Os registros cobrem desde a ascensão de Lula no movimento sindical durante a ditadura militar até pouco após sua prisão política, em 2018.

Ex-analista da NSA hoje exilado na Rússia, Edward Snowden revelou ainda em 2013 documentos da agência indicando que Dilma Rousseff e a Petrobras foram espionadas pelos órgãos de inteligência dos EUA.

 

Arapongagem

Ao tomar conhecimento dos fatos, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou os EUA. Segundo Hoffmann, as revelações são “gravíssimas”.

“Gravíssimas revelações do jornalista Fernando Morais sobre a arapongagem dos EUA no Brasil. Espionavam Lula desde 1966, quando ele se filiou ao sindicato, no PT, na presidência e até na prisão. E não foram só as famigeradas CIA e NSA”, afirmou, em uma rede social. Ela diz também que o país monitorava o Brasil em diferentes áreas, incluindo a defesa, as relações internacionais e o petróleo”.

A presidente do PT escreveu, ainda, que o monitoramento de Lula representa uma afronta à soberania nacional brasileira e deverá permitir uma nova visão sobre os crimes cometidos pela Operação Lava Jato.

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